A pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila, participou na noite desta segunda-feira (26) do debate “Saídas para crise e as diferentes formas de resistir”, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A atividade também contou com a participação da Lola Aronovich, professora do Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal do Ceará e autora do Blog feminista “Escreva Lola Escreva”.

Manuela ressaltou que o golpe que destituiu a presidenta eleita, Dilma Rousseff, do poder em 2016, é construído a partir de três características centrais: antidemocrático, antinacional e misógino. Para ela, as respostas para as saídas da crise devem passar pelo enfrentamento dessas questões.

“O grande objetivo do golpe é a execução de uma política que entrega o Brasil e suas riquezas”, como exemplo, Manuela citou a tentativa de privatizar a Eletrobras. “Serve para os interesses de quem? Não são os do povo brasileiro e nem das mulheres brasileiras”, afirmou.

A pré-candidata contou que cumprindo agenda em Minas Gerais, uma trabalhadora da Eletrobras entregou um manifesto em defesa da instituição e disse: “Imagina como vai ser a vida da mulher trabalhadora brasileira se a energia for mais cara e ela parar de usar a máquina de lavar roupa”. Ou seja, como o aumento na energia pode piorar a qualidade de vida das mulheres.

Para Manuela, o golpe é antidemocrático porque rasga o programa que o povo escolheu nas urnas. “Esse programa não passava pela retirada de direitos, nem pela diminuição da massa salarial dos trabalhadores e muito menos pela entrega do Brasil”, frisou.

“É antidemocrático porque a democracia não é a forma como eles querem construir as saídas para a crise, porque é impossível submeter o programa deles ao crivo popular”.

Manuela também falou sobre a tentativa de impedir a candidatura de Lula à Presidência da República. “O primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, é o Lula, mas, ele não é comprometido com a cartilha da austeridade fiscal, então judicializaram a questão e o impede de concorrer. Sem nenhuma prova contra ele”, destacou.

Segundo a pré-candidata, a narrativa que se construiu o golpe e como ele foi consolidado, foi o machismo e a misoginia.

“Os monstros saíram do armário e eles nos odeiam. (…) Odeiam a ideia de que a gente existe e que o Brasil só será um grande país conosco [com as mulheres]”.

Para Manuela, são as mulheres que sofrem a crise de forma mais intensa. “A reforma trabalhista atinge toda a classe trabalhadora, mas ela é muito pior para as mulheres”.

A pré-candidatura também cita a Emenda Constitucional 95 – que congela os gastos públicos por 20 anos – “Essa Emenda é um horror para o desenvolvimento econômico do Brasil, porque os investimentos sociais são imprescindíveis para o Brasil retomar o seu crescimento na economia. Mas, para uma mulher que não conta com o Estado e por isso é demitida, a crise pune muito mais e de forma impactante. Por isso, elas [mulheres] reagem de forma muito mais ativa nas ruas”.

Na visão de Manuela, é preciso ter um projeto de desenvolvimento nacional que aponte um caminho de igualdade entre homens e mulheres. “Não haverá desenvolvimento do Brasil sem as mulheres”, pontuou.

“A nossa forma de saída é dizer que deve existir um projeto que nos una como povo. Que esse projeto passe por uma democracia radical. Se o veneno deles é a ausência de democracia, nós vivemos o palco de tomar o poder em nossas mãos. E ocupar a ideia de que os governos são nossos. Se a saída deles é antinacional, a nossa saída deve ser a construção de um projeto que desenvolva o nosso país”, afirmou Manuela D’Ávila.

Assista o debate na íntegra: