A determinação do Tribunal Superior Eleitoral de que os partidos devem repassar 30% do fundo eleitoral para campanhas de mulheres (regra que vale também para o tempo de TV e para a propaganda eleitoral no rádio e na televisão) não é só uma grande vitória de quem sempre defendeu a participação efetiva das mulheres na política. Mas, também, uma resposta a um parlamento que tentou implementar, por exemplo, que o fundo partidário destinado às candidatas pudesse variar de 5 a 15%, sendo elas 30% da nominata. Sem o menor constrangimento, parlamentares defendiam essa disparidade de direitos políticos. Surreal, não?

Por Manuela d’Ávila*

Quando foi estabelecida a cota de 30% dentro dos partidos para mulheres, percebemos que_ embora configurasse um pequeno avanço_ não era o suficiente. Muitos partidos nominavam candidaturas de mulheres apenas de forma protocolar. Sem incentivar de fato, com recursos, a viabilização das campanhas.

Essa nova conquista vem para sanar essa questão. Não é só a chance de participar, mas a oportunidade real de ocupar o poder. Não é mais admissível que sejamos mais de 50% da população votante, que sejamos as responsáveis por 40% da produção das riquezas nacionais, que sejamos as mais atingidas pela crise e as que mais resistem ao desmonte do Estado e ocupemos, apenas, 10% das cadeiras do parlamento.

A voz feminina precisa ser impulsionada. Na prática e não apenas só na teoria. Precisamos de mulheres na política e sou feliz por sempre ter sido uma candidata feminista comprometida com nossa luta. A luta pelo empoderamento é a principal das nossas batalhas. Agora, respaldada pela oportunidade real de ocuparmos o poder.

*Pré-candidata do PCdoB à Presidência da República e deputada estadual no Rio Grande do Sul.