Manuela d'Ávila (ao centro), em debate com as deputadas do PT, Benedita da Silva e Rosa Neide

A ex-deputada Manuela d’Ávila (PCdoB-RS) defendeu o estímulo à inclusão de mulheres na política nacional em visita a Cuiabá (MT). A Câmara Federal ajuda a  mostrar o problema apontado pela comunista: dos 513 parlamentares, apenas 77 são mulheres. “A democracia busca representar a população. Se as pessoas não estão representadas, é uma democracia capenga”, declarou Manu, no Festival Tudo Sobre Mulheres, ao lado das deputadas federais Benedita da Silva (PT-RJ) e Rosa Neide (PT-MT).

As três dividiram a mesa de debate “Protagonismo Feminino na Política”, realizado na sexta-feira (1). “Falar sobre as mulheres é, em primeiríssimo lugar, saber que nós não somos todas iguais. Temos que saber que nós temos diferenças e que temos causas que nos unem”, afirmou Manuela, que foi candidata a vice-presidenta em 2018, na chapa com Fernando Haddad (PT).

Na opinião dela, ter mulheres, negros, LGTQI, indígenas, entre outros, incluídos na política, não deve ser uma causa da esquerda, mas uma demanda de quem defende a democracia como sistema político.

As três convidadas do Festival lembram que, no decorrer da História, as mulheres sempre tiveram suas escolhas e desejos apagados. Na correção dessas injustiças históricas, elas ressaltaram a importância de iniciativas como a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), do acesso à escola pública, do combate ao racismo nas relações de trabalho, além da luta pelos salários iguais.

“É óbvio que ter mais mulheres na política é muito importante – e mulheres com várias ideias”, disse Manuela. “Nós também pensamos diferente. Precisamos de mulheres que saibam que a luta deve ser por todas as mulheres.”

No festival, a comunista também criticou o autoritarismo do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro e líder do PSL na Câmara. Em entrevista, Eduardo afirmou que o governo pode reeditar o Ato Institucional 5 (AI-5) e retornar com a censura caso a esquerda radicalize a oposição no Brasil. Para Manuela e as deputadas presentes à mesa, Eduardo deve ter o mandato cassado por apologia à ditadura.

“Não somos nós que dizemos. Quem diz é a Constituição Federal: fazer apologia à ditadura militar é crime no nosso país”, afirmou Manuela. “A Câmara dos Deputados, na minha interpretação, e os nossos partidos, conjuntamente, vão ao Conselho de Ética pedir a cassação do deputado Eduardo Bolsonaro por não estar cumprindo aquilo que prometeu, ou seja, honrar a Constituição brasileira.”

A comunista disse, ainda, que os brasileiros precisam reagir ao que chamou de “bravatas” apoiadas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, que diariamente o envolvem em situações constrangedoras, transferindo crises para o governo. “Eduardo Bolsonaro primeiro defendeu o AI-5. Quando confrontado, foi para suas redes fazer apologia à tortura”, disse Manu. “Quando questionamos publicamente a defesa que ele fez ao fechamento do regime democrático, ele dobrou a aposta publicando um vídeo com apologia ao coronel Brilhante Ustra, que todos nós, lúcidos, sabemos que foi o maior torturador que viveu neste país”.