Manuela d'Ávila, ao lado de Luciana Santos, falou sobre o Brasil nos dias atuais
De passagem pelo Recife (PE) nesta segunda-feira (1º/4), a ex-deputada Manuela d’Ávila (PCdoB) defendeu, em entrevista coletiva, que, ao contrário do que tenta parecer, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) é a “cara da velha política”. Classificando o governo federal como “antinacional” e “antipopular”, ela avaliou que, prestes a completar cem dias no Planalto, Bolsonaro expõe uma “absoluta incapacidade de lidar com um país como o Brasil”.
Manuela chegou à cidade para lançar seu livro “A Revolução Laura”, na noite desta segunda-feira, e para participar de uma reunião com a vice-governadora do Estado, Luciana Santos (PCdoB), sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho.

Na conversa com os jornalistas, realizada no gabinete de Luciana, a ex-deputada do Rio Grande do Sul declarou que a impressão é de que “Bolsonaro está brincando de governar”. Ela apontou a falta de propostas do presidente para o país e destacou que a instabilidade política e administrativa provocada pela atual gestão só faz atrapalhar a economia.

“Quais são as políticas que foram propostas para garantir a retomada do emprego no país? Os únicos momentos em que a economia cresce são quando os investimentos públicos são consideráveis. Qual o sinal que é dado para os investidores com a bagunça generalizada desse governo? Para os investidores do país e de fora do país, nitidamente, o governo não tem compromisso com a democracia. Vive cotidianamente com uma bagunça depois da outra, uma equipe absolutamente incapaz. Há um ‘superministro [Paulo Guedes]’ que sequer sabe fazer orçamento”, criticou.

Ela destacou que, enquanto todas as grandes economias do mundo buscam se posicionar diante da crise, o Brasil de Bolsonaro vai em busca de um alinhamento irrestrito com os Estados Unidos, que traz consequências econômicas profundas para o Brasil. “Não é um problema ideológico, traz consequências econômicas. Hoje metade da classe média do mundo mora nos países asiáticos”, disse, lembrando que o presidente também fez questão de ampliar o conflito com a Venezuela.

Manuela também reiterou suas críticas à Reforma da Previdência, sublinhando que ela não atende aos interesses do trabalhador brasileiro real, mas dos empresários. “É um governo de desastres. Anuncia a reforma da Previdência. Quem o presidente acha que é, por exemplo, uma mulher que vende queijo coalho na praia? Como ela se aposenta? Qual o é o Brasil que ele vive? O da Avenida Paulista? Onde os empresários pegam helicópteros para trabalhar? Não é o país do trabalhador brasileiro que trabalha em condições adversas. Este é um governo antipopular e antinacional”, disparou.

A comunista afirmou ainda que as críticas do governo à oposição e ao socialismo servem de cortina de fumaça para as crises do governo. “Do ponto de vista intelectual, o presidente demonstra ignorância e fala várias mediocridades. Do ponto de vista político, ele fala de forma permanente sobre nós para tentar distrair a população sobre suas responsabilidades. Ele fala da gente, criando inimigos ficcionais, para não falar sobre si. É uma tática da velha política, da qual Bolsonaro é a cara”.