As denúncias de possível superfaturamento na compra de caminhões de lixo pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) gerou reação de lideranças políticas e pedido da oposição para apurar o caso. A vice-presidenta nacional do PCdoB, Manuela d’Ávila alertou, nesta segunda-feira, pelas redes sociais, para o fato de que tais compras beneficiam a base de apoio do presidente no Congresso. “Bolsonaro nunca foi contra a corrupção, Bolsonaro é parte do problema”, destacou.

“Mais um escândalo de corrupção envolvendo o governo Bolsonaro. Segundo matéria publicada pelo Estadão, a compra e distribuição de caminhões de lixo para pequenas cidades saltaram de 85 para 488 veículos de 2019 para 2021. Mas, para quem pensa que Bolsonaro e sua turma estão preocupados com saneamento básico e reciclagem, a aquisição desses caminhões em nada tem a ver com isso”, declarou Manuela.

A dirigente salientou ainda que “a compra desses caminhões compactadores de lixo pelo governo tem como objetivo atender sua base no Congresso, e a distribuição é usada por senadores, deputados e prefeitos para desfilarem pelas cidades e cativarem eleitores”.

Ela lembrou ainda que municípios com menos de oito mil habitantes “receberam até três veículos potentes em menos de um ano mesmo sem produzir resíduos suficientes para enchê-los. Enquanto isso, cidades que realmente precisam deste equipamento e que, inclusive, já solicitaram para os órgãos responsáveis, ainda não receberam nenhum”.

Outro ponto destacado por Manuela é que “além do aumento repentino de preços para a compra dos caminhões, a investigação feita pelo Estadão aponta indícios de uso de funcionários e empresas laranjas”.

As denúncias feitas pelo jornal O Estado de S.Paulo no domingo (22) mostraram uma série de incongruências envolvendo a compra de caminhões de lixo nos últimos anos, como cidades pequenas recebendo mais caminhões do que necessita, empresas fantasmas e superfaturamento — como por exemplo a diferença de R$ 114 mil no preço de veículos iguais comprados com apenas um mês de diferença. Segundo a reportagem, ao menos R$ 109 milhões podem ter sido inflados nesse processo.

Nesta segunda-feira (23), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ingressou com representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que o caso seja apurado.

Por Priscila Lobregatte

Com agências