A pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, deputada estadual (RS), Manuela D’Ávila concedeu entrevista ao Jornal da CBN, 2ª edição, nesta quinta-feira (26). Ela foi questionada pelos jornalistas Fernando Andrade e Kennedy Alencar sobre outras candidaturas, possíveis aliança no campo da esquerda, impedimento do ex-presidente Lula de receber visitas, além de suas propostas na área econômica e de segurança pública.

Segundo Manuela, a direita está mais fragmentada do que a esquerda atualmente. “Hoje, os nossos problemas são menores do que os do outro lado. O lado de lá tem muitas candidaturas e não consegue situar nenhuma de forma competitiva”, disse, lembrando das últimas pesquisas em que pontua os candidatos da esquerda.

“Estamos avançado no que há de mais importante que é o programa”

A pré-candidata ressaltou que o campo da esquerda se une na “construção de uma plataforma mínima que é novo projeto de desenvolvimento para o Brasil”. São signatário deste programa o PCdoB, PDT, Psol e PT e todos têm seus candidatos, destacou. “Estamos avançado no que há de mais importante que é o programa”, conta Manuela.

“Agora é claro, o cenário é de bastante imprevisibilidade ainda, mas torço que nós estejamos no segundo turno”.

Relações ‘salutares’

Manuela afirmou que não tem pretensões de integrar uma eventual chapa como vice no primeiro turno, mas que sua candidatura quer ‘preservar pontes e estabelecer diálogos’ com os outros candidatos da esquerda e ao mesmo tempo preservar a sua própria candidatura, disse em questionamento insistente dos jornalistas sobre possível candidatura única da esquerda ainda no primeiro turno ou de Manuela sair como vice numa eventual chapa da esquerda.

Outras candidaturas

Manuela disse acreditar que estas eleições continuará polarizada entre dois campos políticos e voltou a reafirmar que não acredita em candidatura de centro. São dois projetos distintos, colocou. Questionada, a pré-candidata avalia que uma possível candidatura de Joaquim Barbosa à Presidência estaria mais próxima do campo político de esquerda, com sua filiação ao PSB e lembrando que ele se manifestou contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e que já se declarou que votou em Lula e Dilma e que não se arrependeu. “Acho que ainda é muito cedo de falar de qualquer candidatura, mas acho que é o mais próximo que tem parecido”.

Apesar de parecer diferentes, Manuela considera que as candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) estão mais próximas do campo de direita devido a ideias “similares” em relação à economia.

Lula

Ao ser questionada sobre o isolamento do ex-presidente Lula que não pode receber visitas na prisão em Curitiba, Manuela explicou que quando era membro da Comissão de Direitos Humanas da Câmara dos Deputados, ela mesma visitou vários presos e comentou que nem o médico do ex-presidente, nem um importante religioso pôde visitar Lula, contrariado o código penal brasileiro que prevê esses direitos ao detento. Para ela, esse caso é absurdo e deve ser levado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Reforma tributária e queda dos juros

Os jornalistas falaram da crise econômica “deixada pelo governo Dilma”, a deputada enfatizou que a crise econômica é o que vivemos agora e responde que em relação às propostas para a economia do PCdoB, priorizaria a reforma tributária, garantindo a taxação de grandes fortunas. ‘É preciso uma reforma que não deixe com que as mil pessoas mais ricas do país não paguem tributos sobre seus produtos de luxo’, declarou.

Outro debate essencial para a área econômica, segundo ela, é a discussão sobre a diminuição real dos juros para a população brasileira. E citou áreas centrais para a retomada do desenvolvimento do Brasil.

“Acredito na necessidade de uma ação estruturada nacional de segurança pública”

A pré-candidata à presidência da República, afirmou à CBN que, se eleita, não deve manter a intervenção federal no Rio de Janeiro. Ela avaliou, no entanto, que há necessidade de uma ação estruturada de segurança pública pensando no curto, no médio e no longo prazo e disse que vai propor uma reforma da área.

Segundo ela, é preciso dialogar com autoridades locais e equipar as polícias com tecnologia e conhecimento. ‘O problema do Brasil não é o número de polícias; o problema é que nem todas têm ciclos policiais completos, ou seja, nem todas podem investigar’, destacou.

Drogas

A pré-candidata se declarou a favor da legalização e da tributação das drogas no país, mas junto com um conjunto de medidas, não de forma isolada. “Essa medida não resolveria o conjunto de problemas da segurança pública”, disse. Para ela, ‘a guerra às drogas tem custo humano e financeiro gigantesco’.

Ouça a entrevista a partir dos 10 minutos e 15 segundos clicando no link.