Cartaz em ato antivacina em Berlim: "Não à corona-ditadura" (foto de Paul Zinken/AFP)

Mais de 560 incidentes antissemitas foram registrados no período de março de 2020 a março de 2021 segundo informa a Associação Federal de Departamentos de Pesquisa e Informação sobre Antissemitismo (RIAS). A maioria destas agressões (60%) ocorreram durante manifestações de opositores a medidas governamentais de restrição preventiva contra a pandemia, assim como contra as medidas de estímulo à vacinação na Alemanha.

Conforme reportado pela RIAS e divulgado pelo jornal Welt am Sonntag, os judeus são muitas vezes acusados de culpa pelo vírus e pela implementação das medidas restritivas.

Em outros casos, os judeus foram agredidos e insultados em locais públicos como supermercados, quando desconhecidos destes os acusaram de trazer a Covid para o mundo. Em um dos casos, na cidade de Colônia, em fevereiro deste ano, um grupo distribuiu folhetos afirmando que a pandemia seria “um problema judeu”.

Os incidentes não param, como disse Daniel Poensgen, um pesquisador da RIAS, ao jornal Welt am Sonntag: “Os protestos contra medidas de lockdown por parte do governo alemão, no primeiro fim de semana de agosto, mostram a continuação do antissemitismo”.

Nestes atos, é frequente se ver manifestantes ridicularizando e banalizando as perseguições nazistas aos judeus durante a Segunda Guerra usando braçadeiras amarelas com a estrela de David, como eram forçados os judeus naquele nefasto período.

Hajo Funke, especialista em antissemitismo, alertou que tais manifestações são “erradas e perigosas”.

Em afirmação similar, a Liga Anti-Difamação (ADL), com sede nos Estados Unidos, lançou uma declaração pública condenando o uso de imagens referentes ao sofrimento dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial na Alemanha, Inglaterra e França.

A comparação com o sofrimento dos judeus na Segunda Guerra, agora no contexto da pandemia, “não só é um ato de ultraje moral, mas também representa uma tentativa de subestimar a enormidade do Holocausto”, denuncia a ADL.

No mês de maio, as estrelas de Davi na cor amarela foram banidas nas demonstrações antivacina após requisição apresentada pelo comissário da Alemanha sobre Antissemitismo, Felix Klein. A função de Klein foi estabelecida em 2018 pelo governo alemão em um esforço de deter o crescimento de ataques contra judeus no país.

Também nos Estados Unidos estão se verificando mais manifestações de antissemitismo. No mês de julho, o deputado estadual Jim Walsh acabou pedindo desculpas por usar uma estrela de Davi na cor amarela em sua camisa, durante um encontro de direitistas.