Manaus: mortes crescem, mas Bolsonaro quer empurrar cloroquina
O Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus, informou que está faltando oxigênio na unidade hospitalar responsável pelo atendimento de pacientes com Covid-19.
Os pacientes estão morrendo por falta do produto. Os médicos estão tendo que decidir quem vive e quem morre.
Manaus vive uma crise de abastecimento de oxigênio, com o aumento de internações por Covid-19 em hospitais da capital. A principal empresa que fornece o insumo informou, na semana passada, que não está em condições de atender à demanda.
Não fosse só isso, faltam leitos de UTI e médicos para atender os pacientes graves. Vários profissionais estão afastados por conta da doença.
Diante deste problema gravíssimo, o governo federal, ao invés de usar todo a sua força para ajudar a resolver o problema do oxigênio, dos leitos e a falta dos profissionais, enviou um ofício à Prefeitura de Manaus obrigando o Poder Público local a distribuir cloroquina para os doentes.
Cenas de tensão e desespero estão sendo vistas nas portas dos hospitais devido às dificuldades ocasionadas pelo colapso no sistema de saúde pois todos querem ser atendidos. Muitos moradores de Manaus estão buscando socorro em outros estados.
Eduardo Pezuello esteve na região, falou muito, prometeu “muita logística”, disse que a vacina está chegando e muita conversa fiada, mas as soluções emergenciais não saem ou estão demorando muito a aparecer.
Não adianta insistir com medidas absurdas como esta de obrigar a prefeitura a distribuir medicamento sabidamente ineficaz no tratamento da doença enquanto centenas estão morrendo por falta de leitos e de oxigênio. Governadores e parlamentares já denunciaram esse absurdo.
Eles entraram com pedido para que o ofício assinado pela secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, Mayra Pinheiro, que tornou-se conhecida em 2013 por ter hostilizado cubanos que participavam de curso do Mais Médicos, seja revogado imediatamente.
“Em vez de providenciar agulha, seringa e calendário de vacinação, Pazuello está pressionando a prefeitura de Manaus a distribuir cloroquina e ivermectina na rede pública. Até ronda nos postos de saúde o ministro quer fazer. É a política da morte”, afirmou o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) em seu Twitter. Para o deputado, “é irresponsável e cínico, enquanto mais de 400 pessoas aguardam leitos em Manaus, o Ministério vir pressionar e constranger para o uso de medicamentos sem evidência científica”.
Até agora o órgão do Ministério da Saúde não se pronunciou a respeito.
O ofício do MS tenta impor a ordem absurda. Secretária de Saúde diz que só vai usar “medicamentos cuja eficácia tenha sido comprovada”. O ministro avisa ainda que o órgão vai fazer inspeção para ver se a ordem está sendo cumprida.
O governo considera ‘inadmissível” não distribuir cloroquina. Já oxigênio, para essa gente, não tem a menor importância, enquanto fazem anúncios altissonantes de que a vacina vai primeiro para Manaus. Os efeitos da vacinação serão sentidos mais adiante. No momento o governo tem que parar de fazer confusão e prestar ajuda imediata aos prefeitos, secretários e médicos.