Além do Ministério do Desenvolvimento Regional, o orçamento secreto do governo Bolsonaro para comprar apoio parlamentar contou com R$ 261 milhões dos ministérios da Defesa, Agricultura e Justiça, mostram documentos enviados ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Segundo o Estadão, a negociação acontecia até mesmo através do Whatsapp.

A área técnica do TCU afirmou que “a distribuição de emendas parlamentares por dezenas de ofícios e planilhas não se demonstra compatível com o arcabouço jurídico-constitucional”. Os ministros julgarão as contas do governo na próxima quarta-feira (30).

A documentação que o governo Bolsonaro teve que entregar para o TCU, e que foi obtida pelo Estadão, mostra que o governo negociava, através da Secretaria-Geral da Presidência, a distribuição de recursos entre os parlamentares aliados. A Secretaria-Geral era chefiada pelo general Luiz Eduardo Ramos até março de 2021.

No Ministério da Defesa, a distribuição dos recursos aconteceu através do programa Calha Norte. Foram distribuidos R$ 96 milhões conforme as indicações de parlamentares bolsonaristas.

Os senadores Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, Wellington Fagundes (PL-MT), Zequinha Marinho (PSC-PA), Jayme Campos (DM-MT), Mailza Gomes (PP-AC), Lucas Barreto (PSD-AP) e Plínio Valério (PSDB-AM) e Chico Rodrigues (DEM-RR) puderam apontar o destino da verba da Defesa.

Chico Rodrigues foi o senador que ficou conhecido por tentar esconder dinheiro dentro da cueca para que a Polícia Federal não encontrasse. Ele pôde indicar R$ 30 milhões do programa Calha Norte. Em um ofício para o Ministério da Defesa, reivindicou os recursos “após conversações entre a Secretaria de Governo da Presidência”.

O ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre, usou os recursos da Defesa para obras de infraestrutura básica de Macapá, onde seu irmão Josiel Alcolumbre disputou a eleição para a Prefeitura, mas foi derrotado.

O senador Eduardo Gomes mandou que fossem gastos R$ 20 milhões para a compra de máquinas e implementos agrícolas.

No Ministério da Agricultura, o dinheiro foi gasto no que ficou conhecido como “tratoraço”. Ao todo, foram adquiridos tratores e outras máquinas para 365 municípios. O ministério negava que os parlamentares tiveram participação no processo.

Entretanto, os documentos que o governo teve que enviar para o TCU mostram que dezenas de parlamentares fizeram indicações para a compra das máquinas e realização de obras em suas áreas de atuação.

O deputado Vicentinho Júnior (PL-TO), por exemplo, enviou um ofício assinado pedindo que fossem direcionados R$ 20 milhões do Ministério da Agricultura para outros estados.

Ele indicou R$ 10 milhões para estradas nos municípios de Jussara e São Gabriel, na Bahia, e outros R$ 10 milhões para a cidade de Parambu, no Ceará