Milhares de moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro estão convivendo com o desabastecimento ou o rodízio de água há quase 20 dias, depois que bombas da Companhia de Águas e Esgotos do Estado (Cedae) quebraram.

A privação de água deve durar até 20 de dezembro, segundo prazo estabelecido pela companhia para realizar os reparos necessários e resolver o problema.

De acordo com a Cedae, uma falha na ‘Elevatória Lameirão’ provocou a redução do fornecimento dos serviços que atingiu 17 bairros da capital fluminense e o município do Nilópolis, na Baixada Fluminense.

A Elevatória do Lameirão está operando com 75% da sua capacidade. A Cedae deu um prazo de 20 a 25 dias para os motores da unidade voltarem a operar com 100% de sua capacidade. Ao todo, três dos nove motores da elevatória estão fora de operação.

Em seu site, a companhia afirma que está realizando ações operacionais como manobras no sistema para redirecionar e equilibrar a distribuição de água nas redes de abastecimento – como forma de minimizar os impactos do serviço emergencial.

A Elevatória do Lameirão é responsável por pegar metade da água tratada na estação Guandu e bombeá-la para a superfície, para que seja distribuída para a população do Rio.

Para realizar o bombeamento, há túneis escavados em rocha de 117 metros de altura, que equivale a um prédio de 44 andares, e para fazer a água subir, são usadas cinco bombas grandes e mais duas pequenas.

Atualmente, o sistema opera em sua capacidade máxima com quatro bombas grandes (ou três grandes e duas pequenas). Porém, uma dessas bombas grandes foi retirada para o conserto em abril e deveria ter sido entregue em setembro, mas segundo a Cedae, isso não ocorreu por causa da pandemia de covid-19, que provocou a falta do cobre necessário para terminar a reparação.

Havia uma bomba reserva, então o abastecimento estava sendo garantido. Mas, em meados de outubro uma segunda bomba grande quebrou, e em 14 de novembro foi a vez da terceira. Com isso tudo, a elevatória passou a funcionar com apenas 75% da sua capacidade (duas bombas grandes e duas pequenas).

Foi então que a companhia passou a adotar o plano de rodízio na região metropolitana do Rio, para evitar que faltasse água por muito tempo em determinados lugares.

Essa é a segunda crise hídrica em menos de um ano no Rio e já afeta cerca de um milhão de pessoas.

No inicio do ano, grande parte da população da região metropolitana do Rio ficou mais de um mês com água turva e com cheiro e gosto ruins saindo das torneiras. Na época, a Cedae informou que a causa era a geosmina, uma substância orgânica produzida quando há uma multiplicação elevada de bactérias na água.

Em junho, porém, análises de pesquisadores do Laboratório de Microbiologia da UFRJ (Universidade Federal do RJ) mostraram que o elemento encontrado tinha estrutura parecida, mas não era geosmina. A pesquisa achou uma forte presença de esgoto doméstico e também poluição industrial.

Funcionários da companhia passaram a denunciar o desmonte da estatal e a falta de investimentos, bem como a demissão de corpo técnico especializado. Com objetivo de privatizar a Cedae, desde a gestão de Luiz Fernando Pezão (PMDB), até a atual gestão Witzel (PSC), a estatal sofre com a má gestão.