Pelo menos 43 trabalhadores foram mortos em um incêndio em um prédio de quatro andares em Nova Delhi, capital da Índia, na manhã de domingo, onde funcionavam irregularmente oficinas de confecção de vestuário e de brinquedos. Mais de 50 trabalhadores ficaram feridos no incêndio, alguns em estado crítico.

Foi o segundo incêndio mais mortal da história da capital. Todas as vítimas eram trabalhadores pobres migrantes dos estados de Bihar e Uttar Pradesh, no norte da Índia. O mais novo tinha 13 anos e o mais velho, 51. Relatos da mídia descreveram “cenas caóticas”, com familiares aflitos acorrendo em desespero em busca dos seus entes queridos.

Cerca de 200 pessoas dormiam no local no momento em que o fogo começou por volta das 5 da manhã, provavelmente por causa de um curto-circuito. Os resgatados foram levados às pressas em auto-riquixás ou táxis de três rodas para os hospitais RML, LNJP e Hindu Rao, de acordo com os bombeiros. A principal causa das mortes foi a inalação de fumaça, assinalaram os médicos. Alguns corpos ficaram irreconhecíveis, de tão carbonizados.

150 bombeiros lutaram por cinco horas para apagar as chamas e evitar que o fogaréu se estendesse a outros edifícios na área; dois ficaram feridos.

Manoj, de 23 anos, cujo irmão trabalhava em uma fábrica de bolsas que operava no local, relatou ao Indian Express ter recebido uma ligação de aviso de um amigo dele,  dizendo que fora ferido no incidente. “Eu não tenho idéia para qual hospital ele foi levado”.

O Times of India informou que Mohamed Mahbub, 13 anos, foi declarado morto ao chegar ao Hospital LHMC. Nenhum vestígio foi encontrado de seu irmão de 14 anos, que também trabalhava na fábrica.

Em choque, Wajid Ali ,de Samastipur, disse ao Times que “tinha visto” o corpo do primo, Mohammed Atamul, de18 anos. “E meus dois irmãos — Sajid (23) e Wazir (17) estão irreconhecíveis.”

Cada andar do prédio tinha de quatro a cinco salas, com oficinas de fabricação ilegais.

O diretor do Serviço de Bombeiros de Delhi, Atul Garg, disse ao Indian Express que o prédio era antigo e não tinha certificação de segurança contra incêndio ou equipamentos de segurança contra incêndio. Os bombeiros tiveram que cortar grades para acessar o prédio.

A vice-comandante da Força Nacional de Resposta a Desastres (NDRF), Aditya Pratap Singh, disse à Press Trust of India que todo o terceiro e quarto andar do edifício foram “engolidos pela fumaça” e que a maioria dos trabalhadores das unidades de fabricação ilegais tinha morrido sufocada.

“Havia um compartimento, onde a maioria dos trabalhadores estava dormindo, que tinha apenas um único espaço para ventilação”, disse Singh.

A polícia prendeu o dono do prédio Rehan e seu agente, Furkan, no domingo, sob acusação de homicídio culposo (artigo 304) e conduta negligente (artigo 285). O ministro-chefe de governo de Delhi, Arvind Kejriwal, afirmou que os “culpados não serão poupados” e ordenou um inquérito ministerial sobre o desastre.

Kejriwal anunciou às famílias dos mortos e dos feridos uma indenização de, respectivamente, 1 milhão de rúpias indianas (US$ 14.000) e 100.000 rúpias. Também o primeiro-ministro Narendra Modi ofereceu 100.000 rúpias de compensação aos parentes mais próximos dos mortos e 50.000 rúpias para os gravemente feridos.

Pelo Twitter, após considerar o incêndio como “extremamente horrível”, Modi declarou que seus “pensamentos estão com aqueles que perderam entes queridos”.

Uma parlamentar da oposição questionou a Prefeitura de Delhi, que é governada pelo partido de Modi, porque a fábrica não havia sido fechada quando se sabia que estava operando ilegalmente e sem autorização dos bombeiros.

A tragédia teve lugar quando o governo Modi vem intensificando seus esforços para fragilizar as leis trabalhistas e as normas de segurança, em prol do “empreendedorismo”. Em fevereiro, pelo menos 17 pessoas morreram e 35 ficaram feridas em incêndio no Hotel Arpit Palace, na área de Karol Bagh, em Delhi.