O número de trabalhadores procurando emprego há mais de dois anos, no encerramento do primeiro trimestre de 2022, atingiu 3,463 milhões de pessoas ou 29% do total de 11,9 milhões dos trabalhadores desempregados em meio a uma situação de aumento generalizados dos preços, entre produtos básicos, como alimentos, energia elétrica e o gás de cozinha.

De cada 10 pessoas procurando emprego, três delas estão em situação de desemprego de longa duração e sem qualquer perspectiva numa economia que segue estagnada, agravada pelas mais altas taxas de juros, endividamento recorde das famílias e carestia.

Esse nível do contingente de desempregados vem crescendo desde o quarto trimestre de 2020 quando representavam 22,4% dos desempregados. O crescimento foi gradativo nos quatro trimestres seguintes de 2021, atingindo o percentual de 30,3% no final desse ano. Portanto, nos dois últimos trimestres essa taxa mantém-se ao nível de 30% depois da escalada de 2021.

Os dados fazem parte de levantamento feito pelo G1, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada na sexta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Quanto mais tempo o trabalhador demora para se recolocar no mercado de trabalho, mais dificuldade encontra. O aumento de trabalhadores nessa condição favorece o desalento, quando o trabalhador desiste de procurar emprego, ou o trabalho precário, conta própria, o “bico”, sem qualquer proteção, sem carteira de trabalho, sem direitos trabalhistas.

É de empregos que o país precisa, com o baixo nível investimentos não há como dar conta desse desafio. Não há nenhuma mudança. Tudo que o governo Bolsonaro fez até aqui não respondeu a esse desafio e não será a sete meses do término do seu mandato que isso vai acontecer.

Do total de 11,949 milhões de desempregados computados no final do primeiro trimestre deste ano, 2,060 milhões procuravam emprego há menos de um mês. Aqueles que buscavam colocação dentre um mês e um ano era um total de 4,879 milhões. De um ano a dois anos somavam 1,546 milhão e acima de dois anos os 3,463 milhões.

PNAD trimestral

Segundo o IBGE, a taxa de desocupação do país no 1° trimestre de 2022 foi de 11,1%, ficando “estável” em 26 unidades da Federação em relação ao 4º trimestre de 2021 (11,1%). A única queda no desemprego foi verificado no Amapá (-3,3 p. p.), que está entre os 14 estados brasileiros com as taxas de desocupação acima da média nacional: 14,2%.

Já a população ocupada, estimada em 95,3 milhões, caiu 0,5% na mesma comparação, o que significa 472 mil pessoas a menos no mercado de trabalho.

O percentual da população ocupada do país trabalhando por conta própria foi de 26,5%: 25,3 milhões de pessoas.

A taxa de informalidade para o Brasil foi de 40,1% da população ocupada. São 38,2 milhões de trabalhadores informais.

O rendimento médio real mensal habitual foi estimado em R$ 2.548, uma queda de 8,7% frente ao 1º trimestre de 2021 (R$ 2.789).

A PNAD Contínua trimestral mostra também que enquanto as taxas de desocupação das pessoas brancas (8,9%) e de homens (9,1%) ficaram abaixo da média nacional (11,1%), as das mulheres (13,7%) e de pessoas pretas (13,3%) e pardas (12,9%) continuaram mais altas no primeiro trimestre deste ano.

Os dados sobre o desemprego a nível nacional foram divulgados no dia 29 de abril. Na sexta-feira (13/5), o IBGE divulgou mais dados das pesquisa, como as taxas de desocupação nos Estados e no Distrito Federal.