Christine Assange, mãe do jornalista premiado e fundador do WikiLeaks. (Reuters/Gary Granja)

A mãe de Julian Assange, Christine, denunciou os governos dos EUA e do Reino Unido por tratamento cruel e desumano na prisão em Londres. “Meu filho Julian Assange está sendo assassinado lenta, cruel e ilegalmente pelos governos dos EUA e do Reino Unido, por exercer suas atividades como jornalista multi-premiado, que revelou crimes de guerra e corrupção”, escreveu Christine Assange.

Assange está atualmente encarcerado na prisão de Belmarsh depois de ser preso na embaixada equatoriana de Londres em abril. Seus visitantes repetidamente levantaram preocupações sobre sua saúde. Ainda recentemente, na quarta-feira passada, o jornalista, cineasta e escritor John Pilger disse que sua condição estava “deteriorando-se” e que ele estava sendo tratado “pior que um assassino”.

Assange enfrenta um pedido de extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de posse e divulgação de informações confidenciais, o que poderá condená-lo a até 175 anos de prisão, com base em uma lei caduca.

Christine Assange também compartilhou via twitter o link de um relatório de um especialista em casos de tortura das Nações Unidas, que afirmou que “a perseguição coletiva a Julian Assange deve terminar aqui e agora!”.

RELATOR DA ONU

O Relator Especial da ONU para Tortura, o jurista suíço Nils Melzer, mencionado por Chrstine, denunciou no início de junho desde ano que o jornalista Assange mostra “todos os sintomas de uma pessoa que esteve exposta a tortura psicológica por um período prolongado” e afirmou também que ele não deve ser extraditado para os EUA, onde sofreria “um show judicial politizado”. A declaração foi feita em Genebra, depois de visita do relator, acompanhado de dois especialistas médicos, ao presídio de segurança máxima em Londres em que o jornalista está encarcerado.

“Nossa descoberta indica que o senhor Assange mostra todos os sintomas de uma pessoa exposta a tortura psicológica por um período prolongado. O psiquiatra que acompanhou minha missão disse que seu estado de saúde é crítico”, disse Melzer à Reuters em Genebra.

“Assange foi deliberadamente exposto, por vários anos, a formas progressivamente graves de tratamento ou punição cruéis, desumanos ou degradantes, cujos efeitos cumulativos só podem ser descritos como tortura psicológica”, atestou Melzer em um comunicado. “Não estamos falando de processo, mas de perseguição”, acrescentou o jurista suíço. “Eu estou preocupado que se este homem for extraditado para os EUA, ele será exposto a um show judicial politizado e sérias violações de seus direitos humanos”, assinalou.

Em entrevista à jornalista norte-americana Amy Goodman, do Democracy Now, Nils Melzer relatou que foi ao presídio londrino acompanhado de “dois especialistas médicos muito experientes e especializados em examinar, identificar e documentar sintomas de tortura – tortura física ou psicológica. E nós rodamos protocolos médicos, chamados Protocolos de Istambul, que são protocolos reconhecidos para examinar vítimas de tortura, para ter uma avaliação médica objetiva”.

“E minhas principais preocupações são que estou extremamente temeroso com seu atual estado de saúde, que já era alarmante quando o visitei e que parece ter se deteriorado rapidamente desde então, a ponto de ele não poder mais ser julgado e participar em audiências judiciais”.

No início de junho, o pai de Assange, John Shipton, conseguiu visitar o filho na prisão e revelou detalhes da péssima situação em que se encontra, descrevendo uma “mudança considerável” das condições que observou durante o jantar de Natal na embaixada equatoriana em Londres no ano passado, onde se encontrava asilado.

“Ele perdeu cerca de dez quilos, o que não é bom. Seus movimentos se tornaram finos e delicados, e ele pensa cuidadosamente antes de falar. Ele fala lenta e pausadamente, com tudo bem considerado”, relatou John Shipton.