Macron reconhece que ocupação “torturou e assassinou” líder argelino
O presidente francês Emmanuel Macron reconheceu oficialmente na terça-feira(2) que foram as tropas da ocupação francesa que torturaram e assassinaram em 1957 o advogado e líder independentista argelino Ali Boumendjel. O então chefe do serviço secreto francês em Argel foi quem ordenou o assassinato de Ali e a simulação de suicídio para ocultar o sórdido crime.
“Em meio à batalha de Argel, Boumendjel foi detido pelo exército francês, levado para um lugar secreto, torturado e assassinado em 23 de março de 1957”, admitiu Macron, em cerimônia no Palácio do Eliseu em que se desculpou com os netos do dirigente. Após ser barbaramente torturado, Boumendjel foi jogado do sexto andar de um edifício.
Em 2000, ressalta o comunicado da presidência, “Paul Aussaresses (ex-chefe dos serviços secretos em Argel) confessou que ele próprio ordenou a um de seus subordinados que o matasse e inventasse o suicídio”. “Hoje, o Presidente da República recebeu quatro netos de Ali Boumendjel no Palácio do Eliseu para lhes contar, em nome da França, o que Malika Boumendjel (sua esposa, já falecida) gostaria de ouvir: Ali Boumendjel não cometeu suicídio. Ele foi torturado e assassinado”, acrescentou a presidência francesa.
A ocupação do país norte-africano iniciou em 1930 e só teve fim com a independência conquistada em julho de 1962, após a Guerra da Argélia iniciada em 1954 e que provocou a morte de mais de 300 mil argelinos e 27.500 soldados franceses.
De acordo com a imprensa, o gesto de Macron se enquadra nas recomendações do historiador Benjamin Stora, em reportagem sobre a colonização e a guerra da Argélia, com vistas a resolver as inúmeras tensões em torno ao conflito.
No relatório de Stora, entregue em 20 de janeiro, são propostas ações concretas e simbólicas para promover a reconciliação com a Argélia em torno do conflito colonial. Entre as sugestões está a criação de uma comissão “Memória e Verdade” para formular iniciativas comuns entre os dois países.