Luz e aluguel fazem inflação pesar mais sobre baixa renda
A inflação acelerou na margem pelo segundo mês consecutivo em julho em todas as faixas rendas, mas o peso foi maior para as famílias de baixa renda segundo o Inciador Ipea por Faixa de Renda, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Há uma manutenção do padrão dos últimos meses, marcado por uma alta mais intensa para as famílias com renda de até R$ 1.650 (inflação de 0,38%), relativamente às de renda acima de R$ 16.509,66 (inflação de 0,27%).
No acumulado de 2020, a inflação para os mais pobres já chega a 1,2%, enquanto para as famílias de renda mais alta é de 0,03%. Nos últimos doze meses, a inflação dos segmentos de renda mais baixa situa-se em 2,9%, também acima do nível das famílias de maior poder aquisitivo (1,7%).
O peso maior para os mais pobres está ligado ao perfil de consumo. Despesas com habitação foram as que mais pesaram no bolso das famílias de renda mais baixa, devido aos reajustes de 2,6% na tarifa de energia elétrica e de 0,53% nos aluguéis. Esses itens responderam por 50% da variação total da inflação do segmento de menor renda, segundo o Ipea.
As famílias de menor poder aquisitivo sofreram ainda com pressão inflacionária sobre os alimentos, especialmente carnes (3,7%) e leites e derivados (3,8%). A alta em transportes, com aumento de 3,1% nos preços dos combustíveis e de 0,94% nas tarifas de metrô também contribuiu.
O aumento dos combustíveis pesou para as famílias de renda mais alta, fazendo com que o grupo transporte explicasse quase 65% de toda a inflação registrada por esse segmento. No entanto, o peso do grupo transportes foi contido devido à queda de 4,2% nos preços das passagens aéreas e de 8,2% no custo do transporte por aplicativos. Nas cesta de consumo das classes mais altas, houve ainda queda nos custos de empregada doméstica (-0,52%), clube (-1,46%) e hospedagem (-0,95%), que geraram uma contribuição negativa de 0,06 ponto percentual para a inflação desta faixa de renda. (Por Mariana Branco)