Lula pede a apoiadores que não aceitem provocação
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu tolerância em discurso durante o ato político realizado nesta terça-feira (12) pela Frente Vamos Juntos pelo Brasil ao qual compareceu com o pré-candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin. No ato, que aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, Lula, Alckmin e lideranças dos partidos que integram a frente (PCdoB, PT, PV, PSol, Rede e Solidariedade) e de movimentos sociais e sindicais prestaram uma homenagem a Marcelo Arruda, dirigente do PT assassinado por um Bolsonarista, e defenderam a democracia e as eleições.
“Não tem nenhuma história, nem um sinal de violência nas campanhas que eu participei”, afirmou Lula, relembrando que respeitou o resultado de todas as eleições às quais concorreu, como em 1989, quando a TV Globo fez uma edição que favoreceu o adversário dele, Fernando Collor de Mello, que se saiu vitorioso nas urnas. Lula lembrou ainda que o próprio presidente Bolsonaro, que hoje põe em dúvida a credibilidade da urna de votação, sempre foi eleito pelo voto eletrônico. Segundo ele, Bolsonaro quer fazer das eleições uma guerra.
O ex-presidente mencionou episódio ocorrido em Uberlândia e chamou de facínora o responsável pelo drone que jogou veneno nos apoiadores dele, que foi preso depois. Também recordou a bomba que seria jogada na Cinelândia, durante o ato pró-chapa Lula e Alckmin e, por fim, o ato mais grave, ocorrido nesta segunda-feira, quando um bolsonarista invadiu e matou um dirigente do PT em Foz do Iguaçu (PR).
Em referência às declarações de Bolsonaro de solidariedade à família da vítima, Lula disse que o atual presidente precisaria visitar a família de todas as pessoas que morreram na pandemia. Negacionista, Bolsonaro não prestou condolências a qualquer familiar das vítimas da Covid-19. Segundo Lula, Bolsonaro “só pensa em si próprio” e “não tem compaixão”: “Esse homem se afastou do planeta Terra. Ele está orbitando um planeta em que a humanidade não existe”, declarou o ex-presidente, que também criticou a decisão de Bolsonaro de manter em sigilo as investigações contra ele.
“Vamos pegar esse país em uma situação muito pior do que peguei quando recebi ele do Fernando Henrique Cardoso”, considerou Lula, segundo o qual, quando assumiu a Presidência naquela época, considerava-se satisfeito se todos os brasileiros pudessem comer três vezes no dia. Mas enfatizou que, agora mais maduro, quer que as pessoas também ingressem nas universidades, possam ir ao cinema e viajar de avião. Ele lembrou que, há 70 anos, a mãe, D. Lindu, colocou todos os filhos em um pau de arara para irem para São Paulo e não passarem fome e disse que as pessoas querem ser de classe média e não serem pobres, querem poder ir ao teatro, ter um computador, um celular moderno, uma boa televisão.
De acordo com o ex-presidente, ele nunca deixou de cumprimentar um adversário e lembrou que sempre atuou de forma apaziguadora nas greves dos anos 1980, quando a polícia reprimia os trabalhadores. Lula citou o exemplo de Mahatma Gandhi que fez uma caminhada pela independência da Índia. “Nossa arma é a nossa tranquilidade, é o amor que tem dentro de nós”, afirmou, acrescentando que não quer que os apoiadores aceitem provocação.
Leia também: Multidão se reúne na Cinelândia por Lula presidente e Freixo governador