Luiz Carlos Prestes: a esperança do cavaleiro presente
A passagem dos 102 anos do nascimento de Luiz Carlos Prestes, nesta sexta-feira (3), é um marco solene para o Partido Comunista do Brasil. O papel na história do Cavaleiro da Esperança, primeiro à frente do movimento que percorreu o país defendendo liberdade e soberania, conhecido Coluna Prestes, e depois como liderança comunista, faz dele um dos grandes símbolos das lutas por um Brasil independente, desenvolvido e democrático. Assim como naqueles tempos, o Brasil busca reavivar a esperança de se tornar um país com essas características.
Como registra o documento histórico PCdoB: 90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo, Prestes iniciou os estudos marxistas após seu encontro com Astrojildo Pereira, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil (então com a sigla PCB), em 1927. Nessa fase, houve o convite (recusado), pelo Bloco Operário e Camponês (BOC) – um movimento amplo criado pelo PCB –, para ele concorrer às eleições presidenciais de 1929.
Seu ingresso nas fileiras comunistas só ocorreria em 1934, no início dos preparativos, pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), do Levante de 1935. Eram tempos de ascensão do nazifascismo e o PCB se postou à frente da luta para conter o seu fortalecimento no Brasil. Prestes teve papel de destaque naquela fase de combate à ideologia de Adolf Hitler e Benito Mussolini.
Como disse o poeta comunista chileno Pablo Neruda, em seu poema intitulado “Dito no Pacaembu”, lido por ele no comício “São Paulo a Luiz Carlos Prestes”, realizado em 15 de julho de 1945 no famoso estádio paulistano, tudo o que prestes desejava era ver a sua “pátria viva” e que a liberdade crescesse “no fundo do Brasil como árvore eterna”. Prestes acabara de sair da prisão, anistiado no curso de um amplo movimento em defesa da restauração da democracia.
A II Conferência do PCB, de 1943, que reconstruiu o PCB após a feroz perseguição do PCB pela ditadura do Estado Novo, conduziu Prestes ao cargo de secretário-geral, o mais elevado posto na hierarquia partidária. Na campanha pela Assembleia Nacional Constituinte, que seria instalada em 1946, ele novamente se destacou como liderança popular, percorrendo o país para participar de gigantescos comícios organizados pelo PCB.
Com a volta das manifestações pró-democracia, os comunistas lançaram Yeddo Fiúza como candidato a presidência da República, em 1945, que obteve 9,7% dos votos. Prestes se elegeu senador e o PCB fez 14 deputados constituintes. Novamente perseguido, ele, assim como os demais eleitos pelo PCB, foram cassados, assim como o registro do Partido, em mais uma feroz campanha anticomunista.
Quando os comunistas se dividiram em duas organizações, Prestes liderou o Partido Comunista Brasileiro, que continuou com a sigla PCB, enquanto o Partido Comunista do Brasil assumiu a sigla PCdoB. Ambos pagaram um alto tributo em sangue e vidas no combate à ditadura militar.
Nessa trajetória, Prestes nunca renegou o comunismo. Faleceu fazendo a sua defesa, em 7 de março de 1990. Seu legado ao país e ao povo tem valor inestimável. Ele pertenceu à segunda geração de dirigentes do PCB, que assumiu o comando da legenda na década de 1930 e participou intensamente dos principais acontecimentos políticos do país até o seu falecimento. Seu nome e sua trajetória se inserem no rol dos principais acontecimentos da história democrática do Brasil no século XX.