Luis Salomão diz que Bolsonaro pode ficar inelegível por atacar urnas
O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Luis Felipe Salomão, afirmou que o inquérito administrativo que tramita no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para apurar ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral pode ter efeito direito na campanha de 2022, tendo como consequência inclusive possível inelegibilidade do mandatário.
O magistrado falou sobre o tema em entrevista à jornalista Andréia Sadi ao programa “Em foco”, na GloboNews.
De acordo com Salomão, a inelegibilidade pode ser decretada, a depender das provas colhidas, por meio do indeferimento do registro da candidatura do presidente, ou com a cassação do candidato ou do mandato dele.
A investigação, aberta em agosto, apura os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas. É esse inquérito, segundo o ministro, que pode ter desdobramentos para a campanha de 2022.
Salomão era corregedor-geral da Justiça Eleitoral até o fim de outubro e foi relator do inquérito que investigava o disparo de mensagens em massa da chapa de Bolsonaro e do vice, Hamilton Mourão (PRTB), em 2018.
Embora a Corte tenha rejeitado o pedido de cassação do presidente e do vice, os ministros enviaram duros recados a Bolsonaro e aos aliados dele. Foram estabelecidas regras rígidas para a eleição do ano que vem que, entre essas, poderão punir a divulgação de fake news inclusive com cadeia.
Com o fim do biênio como titular do TSE, Salomão deixou o Tribunal para voltar ao STJ. A vaga e a Corregedoria-Geral Eleitoral ficarão a cargo do ministro Mauro Campbell Marques.
À Sadi, Salomão disse que inquérito dos ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas existe para antecipar a produção de provas para que, se houver a comprovação de alguma prática ilegal por parte do presidente ou qualquer outro alvo do inquérito, o TSE examine a viabilidade de indeferir o registro de candidaturas, incluindo a do titular do Palácio do Planalto.
“O que vai ser feito dele [inquérito] depende das provas. Um dos caminhos é converter esse inquérito administrativo em inquérito judicial e, a partir daí, apurar o cabimento de candidatos que se apresentem com registro no momento do registro. Então, pode ser que o ministro Campbell, no futuro, converta esse inquérito administrativo em inquérito judicial e, a partir daí, ter elementos para o colegiado avaliar o indeferimento de registro de candidatura”, disse Salomão.
O ministro também explicou que o inquérito pode gerar futuros processos, como representação por propaganda fora de período eleitoral, representação por condutas vedadas e ações de investigação judicial eleitoral — o que pode levar a eventual cassação do mandato/chapa após o pleito de 2022, caso Bolsonaro seja reeleito.