Luís Fernandes: Homenagear Lênin hoje é ser fiel a seu exemplo
Homenagear Vladimir Ilyich Ulianov, o Lênin, nos 150 anos de seu nascimento, comemorados nesta quarta-feira (22) é, a um só tempo, ser fiel a seu exemplo revolucionário e às suas teorias, desafiando-se a desenvolvê-las tendo em conta o contexto atual. Esta foi uma das opiniões expressas pelo professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-RJ e membro do Comitê Central do PCdoB, Luís Fernandes, em participação no programa Olhar 65, transmitido pelas redes sociais da legenda.
O cientista político foi entrevistado pelo jornalista Osvaldo Bertolino e tratou da importância de Lênin não só na gênese do socialismo e na liderança da Revolução de Outubro de 1917, mas também na formação de todo o sistema mundial que vivemos até os dias de hoje.
“O mundo que vivemos hoje, em grande medida, é fruto dos impactos da Revolução Russa no sistema internacional. Naquele momento, não só se estruturou um sistema alternativo ao capitalismo. A União Soviética liderou grandes realizações no século XX e que não diziam respeito apenas à constituição do socialismo”, lembrou o professor, enumerando feitos como a atuação determinante para a derrota do nazi-fascismo na 2ª Guerra Mundial e o apoio do campo socialista aos movimentos por soberania dos países coloniais e semi-coloniais da América Latina, Ásia e África.
“Vivemos uma expansão dos direitos da autodeterminação dos povos, de deslegitimação do formato político da ocupação colonial e, com isso, a globalização da forma de estado nacional soberano. A contribuição dos países socialistas para isso foi determinante”, ponderou o especialista.
Trabalhadores fazem o partido
Entre vários outros temas, Luís Fernandes discorreu sobre a contribuição de Lênin com sua teoria da ação política e opinou sobre a grande atualidade de obras clássicas do autor e revolucionário russo, a exemplo do ensaio “O que fazer?”, em que desenvolve a teoria do partido de novo tipo.
“Lênin formula essa ideia sobre a evolução da consciência dos trabalhadores nos marcos e na superação do capitalismo. O que ele introduz na obra “O que fazer?” é que o desenvolvimento de uma consciência, para além dos horizontes de uma ação corporativa, implica ação contínua dos trabalhadores na luta política, se confrontando com lutas gerais na sociedade, levando a uma consciência mais avançada. E daí a organização dos trabalhadores em partidos políticos em cada país torna-se essencial”, destacou, lembrando que também a fundação do Partido Comunista no Brasil tem influência direta das ideias e da ação de Lênin na revolução de outubro de 1917.
“Foi grande a contribuição dele sobre a necessidade de participação política e disputa efetiva pela hegemonia política nas sociedades em que esses partidos atuavam”, pontuou.
Lênin das alianças
Luís Fernandes frisou, ainda, o lugar de Lênin como teórico dos fundamentos de políticas de alianças.
“Lênin é crítico de formulações sectárias, sempre recomenda flexibilidade tática. E pratica isso na Revolução Russa”, comentou, lembrando dos ensinamentos não-principistas e não-dogmáticos do revolucionário russo.
“Precisamos entender hoje no que as teorias de Lênin ainda são relevantes e ter a coragem de desenvolver sua teoria de modo não-dogmático” , indicou.
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