O lugar do Brasil no mundo em meio à crise é tema de debate
O ciclo de debates por webconferência do Observatório da Democracia, que reúne o fórum das fundações do PCdoB, PT, PSB, PDT, Psol, Pros e Cidadania, com objetivo de construir propostas para enfrentar a crise política e econômica e os impactos do coronavírus no país, debateu o Brasil em meio à crise no mundo.
O evento realizado na tarde desta terça-feira (12) contou com a participação do ex-chanceler e ex-ministro da Defesa, Celso Amorim; do ex-ministro da Fazenda e diplomata Rubens Ricupero; e do ex-Secretário Executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luis Fernandes, que atua como professor de Relações Internacionais da PUC-Rio e membro do Comitê Central do PCdoB. O debate sobre a posição do Brasil no debate mundial foi mediado pelo presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo.
Ao abrir os debates, Renato indicou duas questões a serem abordadas. A primeira dizia respeito ao impacto da pandemia de coronavírus em um movimento que se observa há décadas no sistema internacional: o deslocamento do eixo econômico e tecnológico do mundo em direção a Ásia. E quis saber também que lugar o Brasil, ainda mais se considerarmos a política externa do governo Bolsonaro, poderá ocupar neste novo cenário.
Celso Amorim abordou ambas as questões ressaltando sua histórica defesa da justiça social “no plano interno e internacional”. Ele enfatizou a dificuldade em realizar prognósticos sobre como estará a ordem mundial quando superarmos a pandemia. Ponderou que o mundo tanto pode tornar-se mais solidário, considerando-se a importância do esforço conjunto para encontrar saídas para todos, quanto mais fechado e autoritário.
“Guardo certo otimismo, prefiro esperar que sairemos com a xícara meio cheia e não meio vazia”, disse Amorim.
No que diz respeito ao Brasil, contou episódios de sua atuação como diplomata e chanceler para mostrar a perda do prestígio da diplomacia nacional e o modo como o país tem se apequenado diante do mundo.
“Superada a “diplomacia da vergonha” [em alusão ao que ocorre sob Bolsonaro], [o Brasil] terá que trabalhar pela integração da América Latina”, afirmou o ex-chanceler, ressaltando a necessidade de trabalhar conjunto com países africanos e árabes, bem como de devolver importância a grupos multilaterais como os BRICs.
Em sua fala, Luis Fernandes, afirmou apostar em grandes mudanças na ordem mundial. Na opinião do professor, a pandemia deve ter o poder de acelerar as mudanças que estavam em curso devido a provável recuperação econômica mais rápida da China na comparação com outros países.
Conversa e ação
Considerando o caráter do encontro, Ricupero elogiou a iniciativa das fundações dos partidos, afirmou a necessidade de que o Congresso e o Supremo debatam e intervenham mais em questões relacionadas à política externa do país.
“Tenho participado de eventos desse tipo [webconferências]e sinto a carência de ponte com instituições que podem fazer as coisas acontecerem, os partidos e o Congresso”, afirmou, conclamando que se realizem debates e ações capazes de barrar medidas do governo Bolsonaro, como foi com a recente suspensão por parte do Supremo da expulsão de diplomatas Venezuelanos ordenada pelo Executivo.
Esta foi a segunda de dezenove mesas temáticas que compõe o ciclo Diálogo, Saúde e Democracia. Todo debate é transmitido pelas redes sociais. Acompanhe a retransmissão nas redes do PCdoB.
A programação do ciclo em maio, junho e julho está disponível aqui.
Assista a íntegra do debate: