Luciano Siqueira: Por que ele não cai agora?
A rotina do presidente Jair Bolsonaro é disciplinadamente desastrosa: a cada derrota, novas agressões e ameaças, que resultam em crescente desgaste e isolamento.
Por Luciano Siqueira*
O desgoverno guarda sinistra simbiose com a crise em que o País se vê mergulhado: sanitária, socioeconômica, institucional.
E, como tem assinalado o governador do Maranhão, Flavio Dino, o presidente da República é um serial killer que pratica cotidianamente crimes de responsabilidade.
Então, mesmo considerando a momentânea maioria parlamentar governista, um impeachment poderia se viabilizar sob ampla pressão da sociedade..
Ou outra solução institucional, como a interdição do governante por insanidade.
E para além dos percentuais anotados em sondagens de opinião, que se repetem, consolida-se a rejeição ao governo e à figura do presidente.
Há um desejo generalizado em ver interrompido a gestão do ex-capitão.
E por que ele não cai agora?
É que como corolário, dá-se a incerteza e a dúvida sobre o day after.
Tanto à esquerda, onde se polemiza sobre ampliar ou não a união de forças, quanto no chamado assim denominado “centro progressista” (na expressão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso), ainda não amadureceram as condições para a construção de uma alternativa consistente, especialmente quanto a um novo projeto capaz de superar a crise.
Assim, praticamente todas as correntes políticas optam por seguir numa espécie de guerra prolongada, isolando e enfraquecendo o inimigo, enquanto reúne forças para substitui-lo, provavelmente no pleito do ano vindouro.
Em outras palavras, mesmo o mais impulsivo militante dado a afirmações como “Bolsonaro subiu no telhado” e afins, é chamado a considerar essa variável incontornável na luta política: a correlação de forças.
Enfim, a maré até que já está pra peixe, mas falta uma rede suficiente ampla e forte para a grande pescaria.
__
Luciano Siqueira* é médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB
As opiniões aqui expostas não refletem necessariamente a opinião do Portal PCdoB