Um – já não se tem a menor dúvida de que pandemia implica graves consequências sobre a economia global e do País. Tal como o organismo humano quando previamente adoecido de outra enfermidade, o capitalismo dos nossos dias se arrasta em crise sistêmica desde 2008 e expõe, de maneira dramática, as condições de vida vulneráveis da grande maioria da população mundial. E as políticas ultraliberais ora dominantes mundo afora, agravam a situação e ao mesmo tempo se desmoralizam em tempo imediato pela intervenção estatal em regra, a partir mesmo dos EUA e países capitalistas centrais.

Por Luciano Siqueira*

Dois – No Brasil, o enfrentamento da pandemia tem sido claudicante e muito aquém da complexidade social em que vivemos. O presidente da República, em tese chefe de Estado, mantém atitude irresponsável e atabalhoada face às ameaças que o País enfrenta. Tanto na esfera sanitária, como na gestão da economia as medidas ainda não tem um alcance devido. Basta verificar que o que se tem feito basicamente contempla a parte da população de vida razoavelmente organizada. As grandes massas populares das periferias urbanas, pelas condições de moradia e de trabalho, se constituem no maior contingente ainda não contemplado pelas iniciativas adotadas. Nessa camada a letalidade do vírus pode v ir a ceifar a vida de milhares de vulneráveis.

Três – Na esfera política, onde estamos e para onde vamos? A resposta ainda não está clara, mas é evidente a tremenda perda de credibilidade de Bolsonaro, seu crescente isolamento político e a possibilidade de – em ambiente de salvação nacional – ocorrer uma natural convergência de vontades e iniciativas no campo da resistência democrática. E no meio do caminho — se não forem adiadas —, as eleições municipais tendem a se dar ao ambiente social potencialmente contrário à extrema direita no poder. O panelaço de ontem é um bom sinal. O que requer das correntes de oposição muita perspicácia, iniciativa e capacidade de convergência.

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