Luciana Santos recebe apoio de reitores que defendem sua gestão no MCTI
A comunidade científica continua reagindo diante de possível troca no comando do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – para encaixar novos partidos que cobram postos no governo federal – e defendem a permanência da engenheira Luciana Santos à frente da pasta. Dessa vez, foram os reitores de universidades públicas do Rio de Janeiro que manifestaram apoio público à permanência da ministra no cargo.
Ao proferir palestra sobre “Novos Tempos para a Ciência e a Tecnologia no Brasil”, nesta segunda-feira (31/7), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mais de 500 pessoas, entre estudantes e pesquisadores lotaram o auditório para assistir a ministra e ouviu declarações de reitores em sua defesa.
O reitor da UFRJ, Roberto Medronho disse que a gestão de Luciana Santos tem resgatado a aposta no desenvolvimento científico diante de uma política “devastadora” e “negacionista” que comandou o país anteriormente.
Ele elogiou as medidas avançadas que os órgãos vinculados ao MCTI, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) tem tomado neste pouco tempo de gestão.
Em alusão à possível troca no MCTI, o reitor afirmou que “compreende perfeitamente a necessidade de se ter uma governabilidade”, mas que algumas áreas estratégicas como Saúde, Educação e Ciência, Tecnologia e Inovação são fundamentais e não devem ser negociadas. “Acabou-se o tempo de negar a ciência. Ministra, nós estamos ao seu lado porque confiamos e acreditamos no seu trabalho”, enfatizou o reitor.
Da mesma forma, o atual presidente do Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Friperj) que é reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Roberto de Souza Rodrigues manifestou apoio a ministra. “Agradecemos o trabalho que tem sido feito e desejamos que esse trabalho continue para juntos reconstruirmos o país”, disse Rodrigues.
Novos tempos
Em sua fala, a ministra afirmou que no governo de Jair Bolsonaro “estudos e pesquisas foram paralisados com uma narrativa de desqualificação, laboratórios e equipamentos científicos foram sucateados e pesquisadores e pesquisadoras foram ameaçados e perseguidos”, disse.
E citou medidas de avanço na área que foram tomadas sob seu comando em poucos meses na pasta. Citou o reajuste das bolsas mestrado e doutorado em 40% que há 10 anos não havia aumento, o lançamento de editais de pesquisa no valor de R$ 590 milhões, a abertura de concurso público do MCTI após 13 anos da última edição e a recomposição do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDTC).
Luciana Santos destacou também a redução de juros nos projetos de inovação financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para incentivar empresas que pedirem empréstimos com objetivo em investir em inovação e tecnológica.
Neste momento, a ministra aproveitou para criticar a atual taxa de juros praticada pelo Banco Central. “Menos juros significa mais recursos para pesquisa e inovação, mais pessoas trabalhando, mais desenvolvimento, mais qualidade de vida. Quando se praticam juros competitivos, rapidamente o setor produtivo da economia faz o crédito fluir. No nosso caso é aquele que faz inovação. Isso demonstra que essa taxa praticada pelo Banco Central, ela é inaceitável”, frisou Luciana.
Recuperação e expansão da infraestrutura de pesquisa
Luciana também citou o Pró-Infra, programa que foi anunciado na semana passada e será voltado para recuperação e expansão da infraestrutura de pesquisa nas universidades e instituições científicas. Ao todo serão destinados R$ 3,6 bilhões, que poderão ser usados para equipar os laboratórios. Os recursos, segundo a ministra, ajudarão a reverter o cenário de sucateamento e a resgatar capacidade de produção das instituições.
Na palestra, a ministra observou ainda que estuda aplicar outros projetos como para garantir seguridade social e direitos trabalhistas aos estudantes pesquisadores e o projeto que inseri no currículo das escolas de tempo integral, atividades da ciência, com o objetivo de estimular a carreira científica desde cedo.
Aliado histórico
Na saída do evento, a ministra foi questionada sobre a discussão sobre eventual troca no comando do MCTI e reafirmou que não foi comunicada sobre nenhum plano. Ela aproveitou para lembrar que o PCdoB, legenda que ela preside nacionalmente é aliado histórico do PT, partido do presidente Lula e que tem uma “contribuição efetiva para dar nesse momento histórico de retomada do país”.
“Nós, do PCdoB, somos aliados históricos do Partido dos Trabalhadores desde 1989. Achamos que temos uma contribuição efetiva para dar nesse momento histórico de retomada do país. É nesse sentido que estou aí procurando fazer valer aquela responsabilidade que o presidente Lula me deu. E vamos continuar trabalhando”, completou.
Leia também: Notícias PCdoB no MCTI