Manifestações dia 19 de junho pelo Brasil.

A edição do jornal O Estado de S. Paulo do domingo (27), com manchete que proclama uma hipotética ronda do fantasma da extinção dos comunistas, publica matérias que manipulam grosseiramente as dificuldades que o PCdoB e outras legendas democráticas enfrentam em decorrência de legislações que ameaçam o pluralismo político assegurado pela Constituição Federal.

Por Luciana Santos*

À rigor, desde que foi fundado, em 1922, se alardeia o fim do Partido Comunista do Brasil. Mas ele segue vivo e atuante, a caminho de seu centenário, na linha de frente da oposição ao governo Bolsonaro, da construção da frente ampla e da jornada em defesa da vida e da democracia.

O neofascismo, que viceja em situações de crises como a que atualmente assola o capitalismo, tem como o alvo os comunistas, uma vez que o epicentro do Programa Socialista do PCdoB é o ideal progressista, patriótico e democrático.

Proclamar o fim do PCdoB nessa conjuntura, portanto, é falsear a realidade ou se deixar sucumbir ao fanatismo bolsonarista, que ambiciona banir os comunistas, socialistas e ambientalistas de nosso país, como primeiro passo para sepultar a democracia.

Muito ao contrário, dezenas de personalidades e lideranças da política, dos movimentos sociais, da cultura, das ciências, nas celebrações dos 99 anos do PCdoB, ressaltaram que o PCdoB, por todo seu legado, é indispensável ao Brasil e à democracia.

As dificuldades eleitorais da atualidade refletem as conjunturas de avanços e retrações da luta revolucionária e democrática. Desde o triênio em 1989-1991 do século passado, com o fim da União Soviética, os partidos marxistas, como PCdoB, atravessam um período de defensiva estratégica, e a isso se soma, no Brasil, o neofascismo bolsonarista à frente do governo da República.

Mas mesmo essa adversidade está em movimento. No plano internacional, a pandemia está demonstrando a incapacidade do capitalismo de responder aos anseios da humanidade. A China socialista desponta como uma grande potência mundial que, junto aos demais países socialistas, como Cuba e Vietnã, estão demonstrando a vitalidade do socialismo, tanto em eficácia quanto em ações solidariedade.

No Brasil, cresce a frente ampla, impulsionada pela mobilização do povo, que retoma a batalha das ruas. E o PCdoB está na linha de frente dessa jornada.

Em síntese, o PCdoB tende a crescer, a se fortalecer, a se revigorar e, portanto, de um modo ou de outro, lutará para garantir sua presença no parlamento brasileiro. Mas, seja qual for a saída, o pressuposto é a continuidade histórica, a preservação da identidade e da autonomia orgânica do PCdoB.

A federação partidária é uma proposta, hoje, de um leque amplo de partidos e lideranças em defesa do pluralismo, da diversidade da democracia brasileira. Atende às necessidades de representação da esquerda, do centro e da direita. É nesse sentido que o PCdoB está empenhado com setores da frente ampla para aprová-la.

À medida em que a luta popular e democrática avança, o PCdoB se manifesta com toda a sua história, com a solidez de suas propostas e com o peso do seu ideal socialista. Foi assim em todos os episódios de crises e, mais uma vez, seu vigor político emerge.

O centenário do PCdoB já desponta, porque ao lado de sua resiliência às ditaduras, sempre soube renovar-se, aprender com seus erros, atuar em frentes política e sociais e, como o peixe procura a água, obstinadamente busca se vincular à vida e à luta do povo.

Quando veio o golpe militar de 1964, juraram de morte o PCdoB e ele lutou e resistiu. Se irrompeu um tufão anticomunista com o fim da União Soviética e o Partido soube reafirmar o socialismo em bases novas, revigorado pelas lições da história.

PCdoB e suas lutas estão mais vivos do que nunca. Proclamar o seu fim é um delírio dos opressores. Seguiremos, apoiado no povo e nas convicções de nossa militância, construindo com amplitude caminhos para salvar vidas e tirar o Brasil da crise.

O século XXI será um tempo de transformações e grandes lutas. O socialismo rejuvenescido por essas transformações e confrontos se apresentará à classe trabalhadora e à humanidade como caminho para construção de um mundo de paz e de vida digna e feliz para quem trabalha. O PCdoB, que nasceu abraçado com a bandeira do socialismo, seguirá lutando pela sua vitória em nosso país.

 

 

*É presidenta do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco