A presidenta nacional do PCdoB, vice-governador de Pernambuco, Luciana Santos, discorreu sobre a resolução política aprovada no 15º Congresso partidário e explicou que o ambiente de disputa eleitoral dificulta iniciativas mais amplas pelo Fora, Bolsonaro em entrevista, ao vivo, concedida na tarde deste sexta-feira (29), à redação do jornal GGN, no YouTube.

De início, Luciana Santos elucidou os temas debatidos no 15º Congresso do PCdoB – realizado entre os dias 15 e 17 deste mês. Ela esclareceu que foi feita uma avaliação do cenário internacional, “pois o Brasil se insere num contexto mundial”, se faz também “um diagnóstico da realidade brasileira” e que esse debate é feito a partir de projeto de resolução, e que, ao longo do debate, “se aprova uma resolução que arma o partido na estratégia e na tática a ser adotada”.

Sobre o cenário político do país, a dirigente do PCdoB disse que evolui com muita rapidez, e ao mesmo tempo que o governo Bolsonaro acumula desgastes e reveses, o ambiente da disputa eleitoral ganha corpo e isso dificulta muitas iniciativas mais amplas, pois a disputa eleitoral interfere, considerou.

“E estes fatos trazem consequências objetivas para a dinâmica política e social”, discorreu Luciana. “Essas tensões de pré-candidaturas expressam nas construções políticas e acaba dificultando que a gente forme frentes mais amplas. Penso que nós deveríamos raciocinar assim: ‘existe momento e fases para se chegar nas eleições de 2022 e hoje o foco deveria ser uma grande frente para isolar, desmascarar e derrotar o governo Bolsonaro'”, apresentou a presidenta.

Crimes de Bolsonaro apontados na CPI

No programa, Luciana abordou ainda a importância da CPI da Covid-19 no Senado que, segundo ela, “fez um relatório contundente. Uma peça muito forte que amplia a pressão sobre o governo e expõe a fragilidade do presidente”, ressaltou, enumerando os nove crimes  imputados ao Bolsonaro no indiciamento. De acordo com a presidenta do PCdoB, resultado do “negacionismo e da atitude aliada com o vírus, bem como o atraso da distribuição das vacinas”, apontou.

Frente amplíssima

Mais uma vez, a presidenta do PCdoB reafirmou a defesa da legenda comunista na construção da frente ampla. “Defendemos frente amplíssima para derrotar Bolsonaro”. Luciana recordou da formação e unificação de amplos espectros políticos para apresentação de um único pedido de impeachment contra Bolsonaro entregue ao Congresso Nacional. Luciana Santos explicou “que estavam todos lá, ‘fazendo esse pedido único’, mas todos que estavam lá estarão em 2022?, questionou e respondeu negativamente. “Estaremos em palanques diferentes, mas hoje não podemos subestimar a necessidade de isolar Bolsonaro e, para isso, nosso projeto aponta nessa direção. Precisamos desmascarar Bolsonaro, precisamos de iniciativas dessa natureza”. Porém, esclareceu Luciana, “em 2022 vamos nos juntar aqueles que temos afinidade mais democrática”.

Para Luciana Santos, o campo progressista e popular precisa “ter como foco derrotar essa agenda nefasta e jogar peso na política eleitoral que possa retomar um projeto nacional e popular no Brasil”.

Ainda sobre os termas debatidos no 15º Congresso, a presidenta do PCdoB explicou que outro mote discutido no congresso partidário foi a questão da possibilidade da federação. “outro foco do debate no nosso congresso, foi as saídas para os dilemas que o PCdoB viveu em 2018 por conta da lei eleitoral autoritária, da cláusula de barreira e, dessa forma, o congresso saiu vitorioso porque se deu no bojo da aprovação da Federação”.

Eleições 2022

Na entrevista, Luciana foi questionada se o PCdoB pensa em lançar candidatura própria à presidência em 2022. Segundo ela, não há esse debate ainda na legenda. “Não estamos debatendo ainda qual é a nossa tática eleitoral para 2022, a questão de apoio a alguma candidatura ou lançar candidatura própria à presidência do Brasil. Hoje os dilemas partidários nos consumiram muito e não chegamos a discutir como a gente vai se comportar em 2022”.

A dirigente defendeu prudência nas questões eleitorais no cenário político atual. “O momento política exige cautela, assertividade, mais cautela, para poder a construção política se apresentar no tempo certo”.

“O cenário está em evolução, hoje temos que falar sempre – porque é dialético – em tendências e eu sou otimista, temos chance de derrotar Bolsonaro, mas eu penso que temos que ter, em momentos como esse, muita sabedoria para não errar muito e deixar esses fenômenos depurarem.

A construção eleitoral deve se apresentar no tempo certo

Em sua avaliação, Luciana considerou que “o tabuleiro da política vai se alterando muito. O centro da política procura se articular para virar alternativa e Bolsonaro está aí com capacidade e resiliência muita grande”. Para a presidenta, o governo da extrema-direita ainda possui poder de fogo e utiliza de todos os artifícios do poder. “Ainda mais eles que não têm escrúpulos”, considerou.

Na entrevista, Luciana defendeu que o momento gravíssimo que o país vive é necessário considerar e envolver “todas as figuras que de alguma maneira, romperam com Bolsonaro, foram bolsonaristas, e hoje não são mais”. ‘Eles pensam como a gente?’, não! E não terão a nossa agenda econômica, explicou, “mas aí que a gente tem que se apegar ao fora, Bolsonaro”, evidenciou ela.

Entretanto, esclareceu a dirigente nacional, para montar os apoios de 2022, “aí é outra frente, com mais identidade programática e ideológica e será costurada com o processo. Eu defendo que a gente conseguisse juntar (…)”. Defendo que se faça o caminho de 22 numa construção política que se apresenta uma frente, à mais ampla possível, dessa identidade, do centro-esquerda brasileiro.

Confira a íntegra da entrevista: