A luta pela frente ampla para derrotar Bolsonaro, a conjuntura política atual e as eleições de 2022 foram alguns dos temas tratados pela presidenta do PCdoB e governadora em exercício de Pernambuco, Luciana Santos, em entrevista ao podcast Primeiro Café nesta segunda-feira (8). “É preciso dar um basta. Por isso, é preciso entender que este é o momento da luta para desmascarar, isolar e derrotar Bolsonaro. Se não reunirmos força para um processo de impeachment, que seja pelo voto. A frente que vamos fazer para a eleição não é igual à que a gente está fazendo contra Bolsonaro hoje”, declarou.

Ao falar sobre a campanha nacional “Fora, Bolsonaro” — que no próximo dia 20 realizará novo protesto — Luciana destacou que as manifestações “são uma necessidade para além da resistência travamos no Congresso Nacional, onde procuramos derrotar ações que fazem mal ao país e, mesmo numa correlação de forças muito adversa, realizar conquistas”.

Além das ações no parlamento, Luciana destacou a importância do debate de ideias via redes sociais e do fórum dos governadores que, avaliou, “independentemente de serem de esquerda ou de direita, acabaram quase que blocando para poder salvar o povo brasileiro com as políticas de combate à Covid e que podemos considerar como primeira frente ampla no enfrentamento a Bolsonaro” e, salientou, “é preciso ter gente na rua. Então, penso que o esforço que a gente tem feito para ampliar é decisivo e necessário”.

Frente ampla

A presidenta lembrou que “não há um momento importante na história do Brasil em que as saídas não tenham passado por um grande processo de frente, mesmo com pessoas que não tenham a mesma identidade programática. Tem horas em que aspectos importantes, como por exemplo ameaças à democracia, é o que une esses setores”. O que está acima das nossas divergências, disse, “é a defesa da democracia, do interesse nacional, e é nessa toada que o PCdoB tem se posicionado, no esforço de garantir a construção cotidiana dessa frente ampla”.

Luciana avaliou ainda que “num processo tão complexo quanto o que a gente vive, não apenas no Brasil, mas no mundo, é preciso entender a luta como um caminho, um processo. Não podemos antecipar as etapas em que a luta política se dá”.

País à deriva

No atual momento, avaliou Luciana Santos, “vivemos a situação de um país à deriva, com mais de 600 mil mortes pela Covid-19, o segundo pior desempenho no mundo no enfrentamento à doença. E o que vimos, desde o princípio, foi Bolsonaro simplesmente ignorar e até mesmo debochar da situação da Covid. Primeiro disse que era uma ‘gripezinha’, depois ignorou as orientações de seu próprio ministro. O fato de, numa pandemia mundial, comparada somente à gripe espanhola, você ter cinco ministros da Saúde, já diz tudo”. Luciana salientou ainda que a CPI da Covid evidenciou “que houve uma aposta de Bolsonaro de fazer do Brasil um laboratório da imunidade de rebanho e da cloroquina, isso é criminoso”.

A dirigente também abordou outros aspectos que demonstram a gravidade do atual momento. “Temos a pior inflação dos últimos 21 anos; a política de preços da Petrobras que contamina o preço de todos os outros produtos; a fome crescendo, nunca tinha visto tantas pessoas tão desalentadas nas ruas; temos quase 15 milhões de desempregados, além das ameaças abertas à democracia. É estarrecedor”.

Eleições 2022

Com relação ao próximo ano, Luciana colocou: “Sou muito otimista. Claro que pela complexidade da luta política e a instabilidade atual, tudo pode mudar. Mas, pela fotografia de hoje, penso que a tendência é a gente virar o jogo, barrar e derrotar esse governo que tanto mal está fazendo ao Brasil. E para isso, teremos de ter muito juízo, serenidade, porque não é um adversário qualquer e a gente tem que garantir uma estratégia que acumule mais forças no ano que vem”.

Luciana analisou que “o fato de Lula ter se tornado elegível rearranjou o tabuleiro da política nacional e acho que ele vem conduzindo bem essa sua elegibilidade e a construção de um caminho para que a gente faça esse enfrentamento a Bolsonaro, acho isso muito positivo. Também acho positivo os movimentos do centro, da direita, do Ciro, que é uma liderança política importante do nosso campo. Vejo todos esses movimentos com bons olhos porque ajudam a isolar Bolsonaro. E vamos ver, no tempo político certo, quem vai acumular mais para poder garantir que a gente interrompa o projeto que tem feito o Brasil retroceder em em várias conquistas históricas do povo”.

Com relação à posição do partido em 2022, a presidenta salientou: “não temos definição sobre isso porque achamos que este ainda não é o tempo político para isso, é um debate que ainda vamos ter no partido. Mas, sempre fomos um partido que atua na perspectiva de ajudar num projeto nacional de desenvolvimento, de colaborar com frentes progressistas, populares”.

Luciana lembrou que o PCdoB sempre atuou, ao longo de sua história de quase cem anos, “para unir, para formar frentes; considero, sem modéstia, que o DNA do PCdoB, ao longo de todo esse período, tem sido o de colocar a defesa do interesse nacional, público, da soberania, de um projeto nacional de desenvolvimento e de unidade como nossas principais marcas”.

 

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Por Priscila Lobregatte