Em entrevista à Rádio CBN Recife, a deputada federal (PCdoB-PE) Luciana Santos, que também é titular da Comissão que analisa a proposta de privatização da Eletrobras na Câmara dos Deputados, falou sobre sua atuação na Comissão e seus requerimentos para discutir os impactos dessa proposta para o estado de Pernambuco.

Luciana Santos ressaltou que a venda da Eletrobras, seja para iniciativa privada ou para uma estatal chinesa – como aconteceu com a Cemig em Minas Gerais – é uma desnacionalização, “porque o Brasil está abrindo mão de um estratégico para interesses de outros países”.

A parlamentar afirmou que o principal impacto dessa desnacionalização para o estado de Pernambuco é a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) – que é uma empresa do Governo Federal ligada ao sistema da Eletrobras.

“A Chesf é uma empresa de 70 anos. Ela se confunde com a história afetiva do povo pernambucano. O rio São Francisco, que não serve só para as hidroelétricas, mas também para os usos múltiplos, como a agricultura, o seu papel na irrigação, a parte de lazer nas praias e até a parte cultural que o rio comporta. Ou seja, é um impacto muito violento para um patrimônio que é o insumo básico do povo brasileiro”, explicou.

A deputada também falou sobre o impacto da privatização nas tarifas de energia paga pelo consumidor. “O insumo básico do povo brasileiro é uma das tarifas mais caras do mundo e o governo ilegítimo de Michel Temer, que não tem autoridade política para vender esse patrimônio do povo brasileiro fica tentando fazer esse processo [privatizar a Eletrobras]”.

Mas, Luciana afirmou que a Oposição está conseguindo travar um “bom combate na comissão especial”. “Já conseguimos retardar muito a agenda da comissão e achamos que pode ser mais uma das poucas batalhas que possamos vencer esse governo”.

“A base política de Temer tem comparecido pouco nas comissões. O próprio relator da comissão [deputado José Carlos Aleluia] vai e não fala nada. Tanto que agora eles vão modificar os membros da Comissão, porque os membros da base não aparecem, os deputados por conta da proximidade das eleições não querem assumir o ônus de votar contra os interesses do povo – por conta das tarifas de energia – e fora a mudança de Ministério, que é possível que o novo ministro, contrário do atual, não concorde com o processo de privatização da Eletrobras. São muitas variáveis que podem caminhar para mais uma derrota do governo nesta batalha do setor elétrico”.

Na visão da deputada, o grande desafio da Oposição é adiar essa votação no máximo possível, fazer obstrução na comissão especial e saciar a exploração das contradições da própria base política do governo Temer. “Acho que se a gente levar esse debate até maio, podemos vencer essa batalha”, frisou Luciana Santos.