A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, que é também vice-governadora de Pernambuco, participou nesta quinta-feira (16), de uma transmissão ao vivo organizada pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra. No “Café com o MST”, Luciana voltou a defender um Estado protetor do povo e a denunciar como falso dilema a contraposição usada pelo governo Bolsonaro entre proteger a vida ou proteger a economia.

“O que estamos defendendo é que ‘nem falidos, nem falecidos’. Nossas bancadas [da Oposição] estão tentando dar velocidade para ter dinheiro para proteção social dos mais vulneráveis e para proteger também a economia. É criminoso o presidente da República fazendo uma contraposição que não existe entre vidas e economia”, afirmou.

A presidenta do PCdoB lembrou que os movimentos do governo vão na contramão de ajudar o povo. Propuseram uma renda emergencial de apenas R$ 200, que as bancadas de Oposição conseguiram aumentar para ao menos R$ 600 e até R$ 1200 para mães que criam seus filhos sozinhas. Apesar da célere aprovação do Congresso, “estamos vendo a complicação do governo para pagar”, denunciou a líder do PCdoB.

Lembrou também que o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou pretender vetar a ajuda aprovada pela Câmara para estados e municípios.

“Estamos vivendo uma crise federativa. Bolsonaro segue uma lógica anti-ciência e toda a estratégia dele principal, que é dizer que é contra o sistema, contra o Congresso, a Justiça, os governadores. Eu aqui em Pernambuco, junto com o governador Paulo Câmara, a gente vê de perto a situação, estamos matando no peito para resolver. Só nesta semana chegaram R$ 100 milhões. Até então apenas R$ 19 milhões”, reclamou.

Luciana foi entrevistada por João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST. Também participaram da conversa os presidentes do PT, Gleisi Hoffmann e do Psol, Juliano Medeiros. O líder dos sem-terra explicou que a ideia do “bate-papo” era trazer os grandes temas da política e o que a esquerda brasileira está conversando e elaborando aos militantes.

Alexandre Conceição, do MST em Pernambuco, também participou da “live” com informes das últimas ações do governo e do Congresso. Ele afirmou a importância dos governadores e secretários de agricultura do Nordeste lançarem publicamente e investirem no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que foi discutido para a região antes mesmo da pandemia.

Como vice-governadora, Luciana Santos saudou a pauta trazida pelos camponeses e ressaltou a importância da agricultura familiar para o país: produz cerca de 70% dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros e são fundamentais para evitar desabastecimento, como lembrou a dirigente do PCdoB.

“Hoje, mais que nunca, a luta pela proteção social é associada a defesa da vida. Não podemos separar essas coisas. Por isso, além das medidas orientadas pela Organização Mundial da Saúde e pelo próprio Ministério da Saúde, é preciso garantir que o cidadão tenha direito a um prato de comida”, reforçou.

Na pauta prioritária de lutas, informou Luciana, está a defesa dos empregos – com a defesa de medidas como a liberação de crédito barato ou sem juros e mesmo de subsídio direto para pagamento de salários – e a ampliação ou retomada de vários programas que foram desmontados ou que estão em velocidade muito baixa, como é o caso do Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA).

Luciana também tratou do cenário político no que diz respeito a defesa de um “basta” ao governo Bolsonaro. “Eu acho que a grande novidade é que há um deslocamento de muitos setores que antes faziam base política para Bolsonaro”, analisou, frisando que é preciso um movimento frentista, que dialogue inclusive com aqueles que não compartilham das ideias da esquerda, para garantir que a população compreenda, cada vez mais, que Bolsonaro “atrapalha o país”.

“O ‘fora’ e o ‘basta, Bolsonaro’ estão nos panelaços em todo o país e na voz dos nossos documentos aprovados há quase dois meses”, lembrou, comemorando também a postura de diversas entidades da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) que lançaram “um pacto de salvação nacional”. “Precisamos ir nesta direção. Precisamos de um pacto pela lucidez”, defendeu.

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