Luciana Santos debate racismo e centralidade da luta política
Na manhã desta segunda-feira (15), a presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, participou do programa transmitido pela internet Café com Notícias, apresentado pela jornalista e pré-candidata do PCdoB à prefeitura de Porto Alegre, Manuela d’Ávila. Também participaram a militante do movimento por moradia, Preta Ferreira, de São Paulo, e Gerusa Pena, presidenta da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul.
No programa diário, Manuela d’Ávila debate os principais fatos do Brasil e do mundo. Na edição desta segunda-feira, o assunto principal foi racismo e o enfrentamento da desigualdade. Um dos temas abordados foi a necessidade de ampliar a representação de negros e negras nos espaços políticos.
Luciana Santos defendeu lembrar sempre dos negros e negras que ajudaram o país com suas formulações teóricas e nos movimentos e lutas sociais. Esta ação, afirmou, deve estimular as novas gerações na política.
“Parece óbvio, mas em tempos de obscurantismo a gente precisa repetir o óbvio. Nunca foi tão necessário reafirmar a necessidade de fazer a luta política para emancipação do povo. E um grande problema que eu penso é que não há afirmação e visibilidade das figuras da população negra que foram decisivos na luta política. A carga de exclusão á tanta que você não se enxerga nas figuras extraordinárias. Lutar contra a invisibilidade faz parte de lutar contra quem diz que você não é capaz”, destacou.
Neste sentido, Gerusa Pena, Presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul, falou da importância de movimentos recentes nas redes como o “Tem preto no Sul”, que usou o Twitter para desmistificar a ideia racista de que trata-se de um estado branco, de uma “Europa do Brasil”. O movimento também buscou valorizar os heróis e heroínas negras do estado.
Lembrando os anos em que foi deputada federal pelo Rio Grande do Sul, Manuela d’Ávila destacou o modo com a desigualdade e o preconceito são visíveis na política, onde mulheres e negros são historicamente sub-representados. Ela comentou que desde então a bancada do PCdoB se destacava pela representatividade.
“É pra ver como [representatividade] tem a ver com o compromisso da transformação e do enfrentamento da desigualdade. As pessoas falavam assim: Como que tem metade de mulheres? Ué, se quer emancipar o povo, tem que combater a desigualdade de gênero. Nunca teve cota no PCdoB. Tem agora porque tem lei. Mas foi sempre foi assim: na época já tinha [na Câmara], Luciana [Santos], Orlando [Silva], e outros. A dissociação da visibilidade e da ocupação do espaço é muito grande no Brasil”, registrou.
Comentando o momento de comoção influenciada pelos protestos realizados nos EUA depois do brutal assassinato do negro George Floyd por um policial branco, Preta Ferreira, do movimento por moradia em São Paulo, defendeu que se reconheça o trabalho histórico do movimento do povo negro contra o racismo e por seus direitos Constitucionais no Brasil.
“A gente precisa legitimar as lutas que existem aqui no Brasil. Os direitos do povo preto foram garantidos com revoluções, pequenas revoluções. A gente tem grandes heróis e heroínas nesse país que não são valorizados”, disse, registrando que fazem parte deste contingente os e as milhares de líderes comunitários que se colocam à frente da luta política para tentar garantir as necessidades que o estado nega.
As participantes também trataram de outros temas, como o combate à covid-19 e o aspecto segregador da pandemia na sociedade em que vivemos.
Assista o debate na íntegra: