É preciso ter a paciência daqueles que colocam o Brasil na frente dos interesses do partido, diz Luciana. Foto: divulgação

Em entrevista nesta quarta-feira (2) ao podcast de política do jornal Folha de Pernambuco, a presidenta do PCdoB e vice-governadora do estado, Luciana Santos, falou sobre a conjuntura política nacional, as eleições deste ano em Pernambuco e a urgência de se enfrentar o bolsonarismo por meio de uma ampla frente de forças políticas do campo democrático e popular.

Uma das questões colocadas pelos jornalistas foi a melhora no desempenho de Bolsonaro apontada em recente pesquisa do Datafolha. “A recuperação de Bolsonaro, paradoxalmente, acontece com derrotas que foram impostas a ele. O auxílio emergencial, se dependesse do Guedes, seria de 200 reais. O valor de 600 reais só existiu por conta da oposição e acaba que 65 milhões de brasileiros precisaram do auxílio emergencial. Nunca se viu um volume tão alto de distribuição de renda que, na prática, diminuiu os impactos da necessidade de distanciamento social na medida em que houve um consumo aquecido”.

Além disso, a dirigente apontou o silêncio imposto a Bolsonaro por revezes no Supremo Tribunal Federal, relativos aos processos das fake news e dos atos antidemocráticos apoiados pelo presidente e à prisão de Fabrício Queiroz, como fatores que influenciaram tal resultado. “Foram derrotas que o obrigaram a ficar quieto, calado, e ao mesmo tempo fazer política. Então ele, que na disputa eleitoral encarnou o ‘candidato antissistema’, embora não fosse, agora está tendo que, para garantir a governabilidade, negociar com o centrão. Esses componentes o ajudaram a ter certa recuperação. E também uma narrativa que ele se colocou desde o início de não se responsabilizar pelas mortes da Covid-19, embora tenha tido um comportamento até de sabotar as medidas de enfrentamento da doença”, explicou. Luciana salientou, no entanto, que 70% da população não apoia o presidente.

Em defesa da frente ampla

Com relação a 2022, Luciana enfatizou que o PCdoB tem tradição na defesa de frentes e alianças amplas, principalmente por levar em conta a diversidade ideológica, as diferentes realidades e o tamanho do Brasil. “Para isso, é preciso reunir todas aquelas forças que se opõem a um governo que é antidemocrático e que retira direitos do povo”, pontuou.

Luciana ponderou que mesmo entre as forças próximas a Bolsonaro, não são todas que corroboram “com essa agenda tão perversa e nefasta. Há muitas reações e movimentos. A própria atitude dele para com a Covid acabou arrumando muitas rupturas e levando à formação de frentes — como a de governadores, pela democracia e a Direitos Já —, ou seja, há movimentos de amplas forças que não são estritamente da esquerda”.

Para Luciana, é preciso “olhar para isso e ter a paciência daqueles que colocam o Brasil na frente dos interesses do partido. E hoje, para o bem do país, é preciso derrotar a extrema-direita que o Bolsonarismo representa. Muitas águas vão rolar até 2022 e acho que o que a gente precisa é observar os movimentos”.

A comunista também destacou a ascensão e o fortalecimento de lideranças opostas a Bolsonaro, como o governador do Maranhão, Flávio Dino. “Ele ganhou dimensão nacional quando teve a chance de ser mais ouvido e as pessoas puderam conhecer sua capacidade política, o pensamento de nosso partido sobre o país, e ele já entra (no rol) de nomes de presidenciáveis”.

Até lá, diz Luciana, “é preciso fazer o bom combate para esclarecer o eleitor e a opinião pública do que se trata” o governo Bolsonaro.

 

Ouça a íntegra do podcast:

Por Priscila Lobregatte