Luciana: diferenças são secundárias, o que une a federação é maior
A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, falou sobre a conjuntura nacional, bolsonarismo e frente ampla em entrevista via Youtube para a revista CartaCapital, nesta terça-feira (8). “Não podemos deixar o país caminhar para a barbárie”, disse Luciana. E completou: “é necessário uma frente ampla para salvar o Brasil”.
Ao tratar da formação das federações partidárias, Luciana lembrou o processo desde a concepção do então deputado do PCdoB, Haroldo Lima, até a derrubada do veto de Bolsonaro no ano passado. “É uma inovação necessária porque rearruma o tabuleiro do sistema político-partidário brasileiro, que vai demandar, necessariamente, um exercício de unidade de ação política para intervir na agenda do Brasil”.
Ela salientou que ao se deixar um conjunto de partidos políticos pulverizados, mesmo que estejam no mesmo campo, “não se exercita a unidade de ação e perde-se a potência dessa intervenção na realidade brasileira”.
Luciana salientou estar otimista com a formação da federação. “Estamos muito animados, já fizemos duas rodadas envolvendo esses quatro partidos — PT, PSB, PV e PCdoB. Na primeira, trocamos ideias sobre a governabilidade, o estatuto. Certamente, nesta quinta-feira nós vamos iniciar com a questão do programa e há um espírito de disposição para isso”.
É claro, disse Luciana, “que há alguns impasses, em função, principalmente, da equação majoritária nos estados porque são partidos que têm força, história e é natural que reivindiquem espaços nas chapas. Mas vai prevalecer o bom senso de modo a garantir uma construção política que nos leve a derrotar a agenda de Bolsonaro. E hoje há um entendimento de que esse caminho nosso pode e deve ser perseguido”.
A dirigente comunista apontou que “as diferenças são secundárias, as questões que nos unem são muito maiores”. E completou: “Não podemos deixar o país caminhar para a barbárie. Penso que isso une muitas forças, mesmo aquelas que historicamente tiveram posições políticas diferentes. É necessário frente ampla para salvar o Brasil”.
Bolsonarismo e preconceito
Luciana iniciou a entrevista falando sobre as mais recentes declarações preconceituosas de Bolsonaro sobre o povo nordestino. “Ele é um homem preconceituoso, que quer esconder, com essas agressões, o desconhecimento que ele tem das realidades, das contradições e necessidades de uma região”.
A dirigente lembrou que o comportamento jocoso e desrespeitoso de Bolsonaro se estende inclusive para a forma como o presidente lida com a pandemia. “Todas as vezes em que ele se referiu à Covid-19, ou foi com deboche, ou com descaso ou com a difusão permanente de mentiras, de fake news, que são, também, uma marca de Bolsonaro”.
Luciana criticou, ainda, a apropriação, por Bolsonaro, de políticas públicas do período Lula-Dilma. “Ele disputa a paternidade de coisas que nunca sequer acompanhou, apesar dos 28 anos de mandato na Câmara. Não sabia o que é o Minha Casa Minha Vida e procura mudar o nome; o Bolsa Família, muda o nome para disputar a paternidade e agora só faltava essa em relação à transposição do São Francisco”.
Por Priscila Lobregatte
Com informações de CartaCapital