A Scotland Yard investiga 12 festas na sede do governo, sob lockdown, com a presença de Boris Johnson

Acuado pelo escândalo das ‘festinhas do lockdown’ [‘Partygate’] na sede do governo em Downing Street 10, no auge da pandemia, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson foi na terça-feira a Kiev para açular a guerra na Ucrânia e posar de condottiere junto com o presidente-comediante Volodymyr Zelensky.

Na véspera, Johnson perdeu a hora de falar por videoconferência com o presidente russo Vladimir Putin, marcada por iniciativa dele, por estar encalacrado no parlamento respondendo aos questionamentos dos parlamentares sobre a esbórnia em pleno lockdown.

Interrogações que só aumentaram com o relatório inicial da ‘investigação’ conduzida por uma funcionária sênior, Sue Gray, segundo o qual as festinhas eram “difíceis de justificar”.

A oposição foi rápida em condenar o primeiro-ministro por perder sua chance de falar com Putin em um momento de crise geopolítica percebida. “Em meio a uma perigosa crise que ameaça a paz na Europa, uma oportunidade diplomática vital foi perdida enquanto Boris Johnson luta para manter seu emprego”, disse o deputado trabalhista David Lammy, que atua como secretário de Relações Exteriores. Mais cedo, Johnson garganteara que alertaria Putin para “recuar da beira do abismo” sobre a Ucrânia.

Porta-voz do primeiro-ministro não deu garantias de que as multas para aqueles que quebraram o lockdown em 2020 e 2021 serão anunciadas ao público em geral. Caberá à Scotland Yard decidir se torna ou não públicos os nomes dos infratores.

Já a polícia diz que em geral os nomes dos punidos por violar os regulamentos da Covid não são revelados. O que foi criticado pela vice-líder dos trabalhistas, Angela Rayner, que reiterou nas redes sociais que o público tem o “direito de saber” se o primeiro-ministro foi considerado culpado de ter cometido um crime público.

“O número 10 disse que publicaria o relatório completo. Eles não podem retroceder ou esconder os resultados da investigação policial” , exigiu no Twitter.

Atualmente, a Polícia Metropolitana está investigando um total de 12 efemérides que ocorreram em 2020 e 2021, enquanto as restrições devidas à Covid-19 estavam em vigor em todo o país, aliás, decretadas pelo governo de Johnson.

Essas ocorrências incluem o aniversário do primeiro-ministro em 19 de junho de 2020 – aquela do convite por e-mail para 100 felizardos, com a recomendação de ‘traga sua bebida’. Até a decoradora chique da residência de Johnson foi chamada.

A polícia informou que reuniu um total de 300 fotos e 500 documentos em papel relacionados às alegações. O relatório de Gray se refere a quatro outros eventos, de maio a dezembro de 2020.

O Reino Unido tem se proposto a atuar como tropa de choque dos norte-americanos contra a Rússia – como mostrado no episódio da provocação do navio de guerra inglês nas costas da Crimeia e na ameaça de aplicar sanções às empresas russas que tiverem bens em solo inglês, como uma chantagem adicional para a Rússia se sujeitar à anexação da Ucrânia pela Otan.