Nesta quinta-feira (31), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) lançou, em São Paulo, o livro Cem Anos dos Comunistas no Movimento Sindical. De autoria do secretário sindical nacional do Partido e secretário de relações internacionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nivaldo Santana, e da jornalista Guiomar Prates, o livro traz um panorama da trajetória dos comunistas desde os primórdios do movimento sindical até o momento atual.

Os autores destacam que o livro é ponto de partida para recuperar e sintetizar a atuação dos comunistas no movimento sindical nesses cem anos.

Para Nivaldo, o livro resgata a construção da “concepção sindical do PCdoB, de orientação classista, democrática, unitária. Um sindicalismo que sabe combinar a luta, a combatividade, mas também com uma visão ampla para enfrentar os inimigos que a conjuntura vai colocando”.

“O PCdoB completa 100 anos de sua história. Sempre esteve umbilicalmente ligado à luta dos trabalhadores e trabalhadoras e em sua expressão de massas, o movimento sindical. Em sua fundação no dia 25 de março de 1922, o PCdoB teve 9 fundadores: 1 intelectual, Astrogildo Pereira, e oito trabalhadores”, disse Nivaldo.

Nivaldo disse, ainda, que o livro procura dar três destaques importantes para a militância no movimento sindical: 1º) que o militante sindical tem que ser abnegado lutador em defesa dos direitos, do salário, do emprego, da sua categoria e do conjunto dos trabalhadores. 2º) O sindicalismo classista precisa ser politizado, não pode circunscrever sua ação apenas a luta econômica e sindical – que é importante, insubstituível –, mas que também precisa se ater a luta política. 3º) o sindicalista comunista que pretende uma nova sociedade, uma sociedade socialista, precisa também estudar, compreender a teoria e os fenômenos complexos do capitalismo contemporâneo.

“Registrar a nossa história”

Escrito sob a demanda da Secretaria Sindical Nacional do PCdoB para celebrar o centenário dos comunistas brasileiros, Cem Anos dos Comunistas no Movimento Sindical mostra a estreita ligação do movimento sindical liderado pelos comunistas com o crescimento e amadurecimento do Partido.

Para Guiomar Prates, “passamos dois anos de uma pesquisa intensa para conseguir realizar esse trabalho. Nesse processo, a gente foi se dando conta do quanto nos falta o costume de registrar a nossa história. Muitas passagens encontramos em autores que não são necessariamente do PCdoB.

Enfatizando a importância de se valorizar ainda mais o movimento sindical, Guiomar afirmou que, historicamente, os sindicalistas são responsáveis pela construção de boa parte do partido, com poucos momentos em que intelectuais tiveram destaque, como na Constituinte de 1945. A autora destacou a importância de registrarmos a nossa história enquanto ela está acontecendo.

“É evidente que uma análise mais crítica só podemos ter mais para a frente, quando olhamos para o passado, mas é importante que a gente escreva”, salientou a jornalista.

Luta por melhores condições de trabalho e emprego

Nádia Campeão, ex-vice-prefeita de São Paulo e secretária nacional de organização do PCdoB, afirmou que o livro traz um recorte extremamente importante para os comunistas, a luta por melhores condições de trabalho e emprego para os trabalhadores.

“O nosso partido só tem sentido de existir porque ele luta pela emancipação dos trabalhadores. Só têm sentido de existir por conta disso, porque ainda há capitalismo. Se não houvesse exploração do trabalho, se não houvesse essa extrema desigualdade em que uns tem tudo, podem tudo, e a grande maioria vive apenas de vender sua força de trabalho não tinha sentido de existir. Aliás, qualquer partido comunista no mundo”, disse Nádia.

A dirigente pontuou que a defesa dos trabalhadores é o ponto central da atuação do partido nesses cem anos e, nesse momento, mais que nunca, com um governo como o de Bolsonaro que levou milhões de trabalhadores ao desemprego.

“Quando não consegue vender sua força de trabalho, acontece com o trabalhador o que estamos vendo hoje: pessoas ao relento, tendo que viver nas ruas e pedir um prato de comida onde quer que vá. Essa é uma luta cotidiana nossa, a luta por uma sociedade mais justa. Nós sabemos que ser sindicalista é muito importante, mas que ser só sindicalista não basta porque a luta vai muito além daquele patrão, daquela empresa. Nós temos que olhar para além e, nessa eleição, o representante máximo da luta contra os trabalhadores se chama Jair Bolsonaro. É a primeira barreira que nós temos que vencer”, completou Nádia.

Deputado federal pelo partido, Orlando Silva afirmou que “esse é o evento mais importante, do ponto de vista simbólico, do centenário do PCdoB. Um evento que renova os votos do compromisso de classe do Partido Comunista do Brasil. Nada melhor do que fazer isso conhecendo o trabalho de um operário, de uma liderança sindical que, seguramente, nestes cem anos do PCdoB no movimento sindical é uma das principais lideranças políticas entre os sindicalistas, o camarada Nivaldo Santana”.

Lembrando uma música de Milton Nascimento, Orlando afirmou que “se muito vale o que foi feito, mais importante é o que virá. Esse livro nos traz a perspectiva de olhar para o que foi feito e buscar inspiração para o que precisamos fazer. O nosso desafio não é gigantesco, porque vivemos num momento de várias mudanças no mundo do trabalho e isso impacta na visão de mundo que o trabalhador tem. É sobre esse trabalhador que nós, herdeiros dos cem anos dos comunistas, teremos que se debruçar. É a nossa geração quem vai ter que confrontar”.

O presidente da CTB, Adilson Araújo, também falou da importância do livro e afirmou que ele será também “muito importante daqui a alguns anos, quando lançarmos uma nova edição atualizada com a constatação de que esse ano derrotamos Bolsonaro com a participação decisiva da classe trabalhadora”.