Em live realizada nesta quarta-feira (10), o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, e a vereadora do Recife e escritora Cida Pedrosa, ambos do PCdoB, falaram sobre os debates que acontecem na COP 26 e aspectos como a necessidade de mudar o atual modelo econômico e de desenvolvimento e combater a exclusão social como elementos-chave para estancar o avanço da crise climática.

Falando diretamente de Recife, Cida Pedrosa destacou como assuntos em pauta na conferência a agricultura familiar — como fator essencial para o enfrentamento às mudanças climáticas e para a construção da sustentabilidade — e o recorte de gênero dentro da discussão do clima. “Pesquisa recente mostra que quem mais sofre com as mudanças climáticas são as mulheres. E as políticas de gênero e alimentar não devem ser apenas questões dos governos nacionais e subnacionais. Hoje temos clareza de que os municípios são absolutamente importantes na implementação dessas políticas”, explicou a vereadora.

Ela acrescentou que “o aprofundamento dessas duas questões — que dizem respeito aos povos originários, mulheres, quilombolas — é muito importante porque incluem aqueles que são a parte mais pobre da população”.

Na avaliação de José Bertotti, ficou claro na COP 26 que a questão da emergência climática só pode ser enfrentada com um novo modelo de desenvolvimento. Ele destacou que o debate sobre crédito de carbono “é importante para que as nações que emitiram mais gases, que são as maiores poluidores do ponto de vista do aquecimento global, contenham essas emissões compondo e ajudando os países em desenvolvimento”. Mas, ressaltou, esse não é o centro. “A grande questão é que nos últimos 200 anos o mundo cresceu de maneira desigual, criando esse problema da emergência climática. O capitalismo não encontra outro caminho senão explorar as pessoas e o meio ambiente”.

Neste sentido, destacou, as mulheres acabam sendo as mais exploradas e prejudicadas. “Para superar a questão da emergência climática, é preciso superar a questão de gênero, a exclusão, a opressão, a diferença de renda, a questão étnica também — afinal, são nos países menos desenvolvidos que as pressões sobre povos originais são mais sentidas. Por isso, um novo modelo de desenvolvimento, mais inclusivo, é necessário”, disse Bertotti.

Ações locais em contraponto a Bolsonaro

O secretário também falou sobre os investimentos anunciados pelo governo de Pernambuco na área ambiental, da ordem de R$ 75 milhões. Entre outras ações, disse, “vamos trabalhar com a recuperação e restauração de mil nascentes, aplicando R$ 15 milhões desse total. Ali, vamos trabalhar com módulos de agrobiodiversidade para a produção agrícola e sabemos o importante papel das mulheres neste setor”.

Ao tratar de projetos na área ambiental no âmbito municipal, Cida Pedrosa destacou a atuação de seu mandato na definição do orçamento de 2022 e no Plano Plurianual. “Aprovamos emenda à LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] do Recife para a estruturação de empregos verdes. Agora, estamos votando o PPA [Plano Plurianual] e também a LOA [Lei Orçamentária Anual] e nessas duas legislações municipais, nosso mandato também apresentou emendas para a criação de empregos verdes que incluem agroecologia urbana, a questão dos catadores e catadoras e novas possibilidades de criação de empregos sustentáveis. Tudo isso é uma construção local fazendo ligação direta com o que está sendo tratado em Glasgow”, salientou.

Para Cida, é preciso, para além das ações executivas, construir arcabouços legislativos tanto do ponto de vista dos governos municipais quanto dos governos estaduais e federal. “Até porque estamos vivendo um momento de total desmonte da política de meio ambiente nacional, um momento de entreguismo em que o governo Bolsonaro é o maior responsável direto pelos maiores índices de queimadas na Amazônia Legal e pela maior falta de fiscalização”. E concluiu: “Vivemos hoje, mais do que nunca, a necessidade de os governos estaduais e municipais tocarem essa pauta, inclusive em contraponto ao desastre do governo federal”.

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Por Priscila Lobregatte