Lindôra Araújo

Jair Bolsonaro se reuniu com a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pelo menos duas vezes no Palácio e prometeu para ela o cargo de procuradora-geral da República como recompensa por estar protegendo o governo.

O primeiro encontro aconteceu em 2020, com intermediação do ex-deputado Alberto Fraga, enquanto Bolsonaro cogitava indicar o procurador-geral, Augusto Aras, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

Os aliados de Bolsonaro, incluindo seu filho Flávio Bolsonaro, diziam que Lindôra Araújo era a aliada correta para ter à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), mas ele não acreditava “que mulheres tivessem as características necessárias para ocupar a PGR”, informou o site Metrópoles.

Depois da insistência, ele marcou uma reunião.

Em 2020, Lindôra Araújo era coordenadora da Assessoria Jurídica Criminal da PGR e tinha atuação junto do Superior Tribunal de Justiça (STJ), podendo agir em processos que tocavam governadores e adversários políticos de Bolsonaro.

Lindôra foi até o Palácio da Alvorada acompanhada pelo ex-deputado Alberto Fraga, mas entrou na Biblioteca, onde era aguardada por Bolsonaro, sozinha.

A reunião durou pouco mais de uma hora, segundo o Metrópoles. Bolsonaro levou Lindôra e Fraga até a porta do Palácio e fez um sinal positivo com o polegar, completando com: “gostei, gostei. Foi bom”.

Foi prometido para a subprocuradora o cargo de procuradora-geral da República caso a aliança se mantivesse e Augusto Aras fosse indicado para o STF. Agora, a promessa foi postergada para 2023.

Pelo menos mais uma reunião como essa aconteceu no Palácio da Alvorada. Atualmente, Bolsonaro e Lindôra Araújo mantêm contato por WhatsApp.

Vídeo com os abusos de Bolsonaro durante a pandemia da Covid. Até às 300 mil mortes:

Na segunda-feira (25), a subprocuradora-geral Lindora Araújo pediu o arquivamento das “apurações preliminares” que foram abertas devido à CPI da Pandemia.

Lindôra diz que não foram encontrados indícios de nenhum crime cometido por Bolsonaro ou seus ministros e aliados. Bolsonaro foi acusado pela CPI de ter cometido nove crimes na condução do combate à pandemia.

Um desses crimes é o de infração de medida sanitária preventiva, por conta das dezenas de vezes que Bolsonaro provocou aglomerações sem usar máscara. Mas a aliada de Bolsonaro não viu nenhum indício de crime.

Os senadores da CPI da Pandemia entraram com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que a decisão de Lindôra seja anulada e as apurações sejam retomadas.

O vice-presidente da Comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chamou o arquivamento realizado por Lindôra Araújo de “é um insulto às quase 700 mil vítimas da Covid-19 no país”.