Noam Chomsky, Perez Esquivel (no alto) e Zapatero ex-premiê espanhol entre os que assinaram a carta

“O presidente Jair Bolsonaro e seus aliados — incluindo grupos supremacistas, polícia militar e servidores públicos do governo — estão preparando uma marcha nacional contra a Suprema Corte e o Congresso em 7 de setembro”, denuncia um documento assinado por personalidades de 26 países que inclui mais de 160 parlamentares, ministros, ex-presidentes e lideranças políticas e sociais, publicado nesta segunda-feira, 6.

Entre os assinantes da carta estão os ex-presidentes José Luiz Rodriguez Zapatero, da Espanha, Fernando Lugo, do Paraguai, Ernesto Samper, da Colômbia, e Rafael Correa, do Equador; além de parlamentares de países como Estados Unidos, Reino Unido, França, Austrália, México, Chile, Uruguai, Equador, Grécia e Nova Zelândia. Entre os signatários também estão os professores Noam Chomsky e Cornel West, dos Estados Unidos, o ganhador do prêmio Nobel da Paz, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, e o vice-presidente do Parlamento do Mercosul, Oscar Laborde.

Alguns brasileiros também deram respaldo à carta, como o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e a deputada Perpétua Almeida (PCdoB).

No documento, os líderes citam a preocupação com ameaças golpistas realizadas pelo governante brasileiro, como o desconhecimento de resultados das eleições de 2022, caso não houvesse a adoção do voto impresso, proposta já derrotada no Congresso.

Para os líderes, a defesa da democracia no Brasil deve ser uma luta para além do dia dos atos convocados por Bolsonaro. “Estamos seriamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil – e estamos vigilantes para defendê-las antes e depois do dia 7 de setembro”, afirmam.

Lembram ainda que “em 10 de agosto, ele organizou um desfile militar sem precedentes pela capital, Brasília, e seus aliados no Congresso impulsionaram reformas radicais no sistema eleitoral do país, amplamente considerado um dos mais confiáveis do mundo”.

A relação dos 26 países de onde são os que assinaram o documento, inclui Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, EUA, França, Grécia, Guatemala, Itália, México, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Reino Unido, República Dominicana, Suíça e Uruguai.

Os signatários dizem que os próprios congressistas brasileiros apontam que essas manifestações se inspiram na invasão ao Capitólio realizada por apoiadores do então presidente Donald Trump, admirado por Bolsonaro, no início do ano. Naquele momento, eles aventavam supostas fraudes, nunca comprovadas, na contagem dos votos das eleições presidenciais nos Estados Unidos para tentar invalidar a posse do presidente eleito, Joe Biden.

Haverá monitoramento por parte da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, enquanto organismos estrangeiros também se mobilizam para acompanhar a situação.