Lideranças estudantis repudiam Enem com “a cara do governo”
As presidentas da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Rozana Barroso, integrantes da direção nacional do PCdoB, repeliram a declaração do presidente Jair Bolsonaro onde afirmou: “começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem”, disse Bolsonaro.
Neste final de semana, funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – órgão responsável pelo exame – denunciaram interferências em questões do Enem com censura a conteúdos que desagradavam Bolsonaro.
Em reportagem de TV exibida neste domingo, os funcionários detalharam as tentativas de interferência no conteúdo das provas e acusaram o presidente do Inep de despreparo.
Enem excludente
Além de menor participação da história, o Enem 2021 já é considerado excludente, a edição deste ano registrou a menor taxa de participantes negros e oriundos de escolas públicas dos últimos anos.
Foi que a presidenta da UNE destacou. Bruna lembrou que “2021 traz o Enem mais branco e elitizado da história. E o presidente afirma que o exame começa agora a ter a cara governo. A política de exclusão que Bolsonaro impõe impede jovens brasileiros de conquistarem seus sonhos”, condenou a dirigente.
Da mesma forma, Rozana disse que a entidade não aceitará um Enem “com partido”. “O que esperar de um Enem com a cara do governo que já tentou retirar do currículo filosofia e sociologia, confronta a ciência e nega a história? Não vamos aceitar o Enem com partido!”, publicou Rozana.
Em sua opinião, nesta declaração Bolsonaro admitiu em público existir a censura ideológica.
À imprensa, Maria Inês Fini, idealizadora do Enem e ex-presidenta do Inep, cobrou apuração jurídica sobre a declaração do presidente da República. Nesta terça-feira (16) também será votado requerimento, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, para convocar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para explicar a demissão coletiva no instituto.
Por Railídia Carvalho