Lideranças estudantis rechaçam pronunciamento de ministro da Educação
Com o objetivo de tentar melhorar sua imagem e do governo Bolsonaro e um dia após ser denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por homofobia, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, fez um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão nesta terça-feira (1º) no qual procurou vender a imagem de uma gestão preocupada com a valorização dos professores e da educação. Mas, o desmonte da área é nítido e a fala gerou reações de lideranças estudantis.
Bruna Brelaz, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) e integrante do Comitê Central do PCdoB, apontou, pelas redes sociais, que o ministro faz “campanha de bom moço” para Bolsonaro. E acrescentou: “Mente! Diz que é um presente aos estudantes, professores. Se realmente tivesse zelo pela educação, estaria investindo nas universidades, nas escolas e não cortando verbas”.
A dirigente disse ainda que “a grande homenagem que Bolsonaro e sua trupe oferecem ao povo brasileiro, estudantes e professores é corte e mais corte”.
Desmonte na educação
Rozana Barroso, presidenta da União dos Estudantes Secundaristas (Ubes), também integrante do CC do PCdoB, destacou: “Falo tranquilamente: tudo o que o ministro da educação disse há pouco na televisão é mentira. À frente da Ubes, liderei a luta pelo novo Fundeb e internet para 18 milhões de estudantes, enquanto o MEC negava nos receber. O que esse homem faz com a educação é crime!”.
Ela colocou ainda que o discurso do Ministro da Educação é uma tentativa de mudar a narrativa sobre o que realmente está acontecendo no Brasil. “Vivemos uma crise sem tamanho, na qual o governo Bolsonaro sucateia a educação pública. Estamos em colapso e o governo nunca esteve ao lado da educação!”.
Rozana avalia que “a tática do governo Bolsonaro é simples. Em toda crise, eles mentem em rede nacional e tentam criar uma nova narrativa. O ministro da educação mentiu sobre o piso salarial dos professores, PL da conectividade e modelo do novo ensino médio”. Ela também colocou que o pronunciamento, feito após a denúncia da PGR, é “a famosa cortina de fumaça para limpar a imagem do ministro em ano de eleição”.
Piso salarial e Fies
Entre outros pontos colocados pelo ministro durante o pronunciamento, como se fossem uma ações do governo, está o reajuste do piso nacional dos professores, algo estabelecido desde 2008 pela Lei 11.738, que instituiu o piso salarial nacional para os profissionais da rede pública da educação básica, diretamente atrelado ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
O ministro também tratou do “perdão”, pelo governo, de até 92% das dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). “A luta pelo perdão da dívida do Fies é uma pauta histórica dos estudantes e da UNE. Bolsonaro não fez mais que a obrigação, e ainda por cima usa nossa luta de forma eleitoreira”, disparou Bruna Brelaz em contraponto ao discurso do ministro.
Por Priscila Lobregatte