Polícia e Tropa de Choque já prenderam mais de mil manifestantes, deixaram cerca de 50 mortos e mais de 600 feridos

Mais de 30 líderes latino-americanos, incluindo vários ex-presidentes, manifestaram terça-feira (18) sua solidariedade ao povo colombiano e denunciaram os “graves incidentes de violência” promovidos pelo governo de Iván Duque durante os 22 dias de Greve Nacional.

“O protesto é um direito consagrado nas convenções internacionais e a mobilização social é uma expressão legítima da participação dos cidadãos”, afirma o documento, defendendo que “se tornem urgentes que se preservem as garantias para quem faz uso de tais direitos”.

Assinada pelos ex-presidentes Fernando Lugo (Paraguai), Manuel Zelaya (Honduras) e José Mujica (Uruguai), Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (Brasil), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), além de inúmeros parlamentares e ex-chanceleres latino-americanos, a manifestação reitera que é necessário “salvaguardar os direitos humanos dos cidadãos”, garantindo “a segurança, a democracia e a paz”. “Os graves incidentes de violência contra seres humanos indefesos nos afetam como povos irmãos dos colombianos”, assinalam.

“Aqueles de nós que assinamos este comunicado expressamos nossa solidariedade ao povo colombiano. Fazemos um chamado para que as profundas diferenças que conduziram à violência nos últimos dias sejam resolvidas num quadro de diálogo e negociação, visando um rápido retorno à paz nesta querida nação”, sublinham as lideranças.

Na Colômbia, a Greve Nacional iniciada no dia 28 de abril contra a política de aumento de impostos, fome e repressão de Duque vem ganhando força a cada dia. A repressão desencadeada pelo Exército, Polícia, Tropa de Choque e milicianos já prendeu mais de mil manifestantes, deixou cerca de 50 mortos e mais de 600 feridos.

O Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), Tropa de Choque da Polícia Nacional, voltou a reprimir brutalmente nesta quarta-feira (19) as manifestações em várias cidades do país. Na capital, Bogotá, um primeiro balanço das organizações de direitos humanos aponta que a violência policial deixou um saldo de 12 feridos e em um dos casos informa a perda de um olho.

Diante dos abusos cometidos, a Câmara Federal da Colômbia debaterá no próximo 26 de maio uma moção de censura aos excessos da Força Pública aos protestos. Duque tem ordenado “o deslocamento máximo” de força contra os manifestantes.