Líder social Fabinson é o 54º ativista assassinado na Colômbia
O jovem Fabinson Ducuara Barreto, presidente do Conselho de Ação Comunitária do distrito de Horizonte, do município de La Montañita, em Caquetá, na Colômbia, foi encontrado morto na quinta-feira (14), após ter sido sequestrado por um grupo de milicianos armados.
De acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), com o assassinato de Fabinson chega a 54 o número de lideranças e ativistas de direitos humanos colombianos que tiveram a vida ceifada por milicianos e ativistas da extrema-direita somente neste ano.
Conforme alertou a comunidade, o presidente do Conselho havia desaparecido no último domingo (10) e eram constantes as ameaças e intimidações recebidas por ele, dirigentes e moradores por defenderem a construção de uma estrada. A retirada da zona do isolamento traria progresso à região e colocaria em xeque os narcotraficantes.
A avaliação é de que quando a Provedoria de Justiça solicitou que a Busca Urgente de Pessoas Desaparecidas fosse ativada para localizá-lo já era tarde demais. Embora não haja muitos detalhes do ocorrido, foi informado que o corpo de Fabinson foi encontrado abandonado. De acordo com a Provedoria, há “queixas sobre a presença de grupos armados ilegais e deslocamentos forçados”.
Há algum tempo foi denunciado ao governo sobre a situação de violência reinante em Caquetá, onde operam grupos dedicados ao narcotráfico, incluindo o “Sinaloa-La Mafia” e o “La Constru”, organizações que surgiram após a desmobilização das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), criadas em 1994 como uma confederação de exércitos privados, que marcaram a expansão do paramilitarismo.
Com a anuência do presidente Iván Duque – por agirem de forma implacável contra a oposição -, tais grupos promovem a compra e o tráfico de cocaína, terceirizando ações violentas. Para isso contam com milícias locais que servem aos interesses do crime organizado como os Blues, os Escorpiões, os Nichos e o Cobra.
Conforme a Ouvidoria, devido à ausência de fiscalização e repressão destes criminosos, quem se encontra em maior risco são os líderes sociais e os conselhos de ação comunitária da área, da mesma forma que aqueles que se opõem às práticas destas máfias.
Recentemente foi informado que pelo menos 10 professores de Caqueta foram ameaçados de morte. No ano passado 41 professores que moravam em La Montañita, San Vicente del Caguán e Cartagena del Chairá também foram intimidados, sendo que um deles foi executado.
“Se trata de uma situação difícil de intimidação da comunidade, em que as pessoas tiveram que sair, um caos. Há um deslocamento forçado porque não há garantias para que as pessoas continuem trabalhando”, relatou Rosemary Betancourt, presidente das Juntas de Ação Comunitária de Caquetá, alertando para o que tem sido a regra.
Diante dessa situação, foi agendada uma visita humanitária à área pela Alta Comissária das Nações Unidas na Colômbia (ONU), Juliette de Rivero, pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Colômbia e pela Ouvidoria. Durante a missão humanitária, serão verificadas mais denúncias sobre violações de direitos humanos.
Esta área do departamento de Caquetá continua em alerta devido às eleições presidenciais de maio.