Líder da União Africana reúne-se com Putin e critica sanções da Otan
O presidente de Senegal e da União Africana (UA), Macky Sall, afirmou que as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela Europa contra a Rússia “pioraram a situação do fornecimento de grãos e fertilizantes aos países africanos” e gerou uma crise alimentar no continente.
Macky Sall, junto com o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, ex-primeiro-ministro do Chade, se reuniu com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para discutir medidas para garantir o fornecimento de grãos e de alimentos para o continente africano.
O presidente senegalês disse que o país “apoia a liberação de grãos e fertilizantes das sanções anti-russas”.
“As sanções contra a Rússia pioraram a situação do fornecimento de grãos e fertilizantes aos países africanos. Não temos acesso a eles. Isso traz consequências do ponto de vista da segurança alimentar do continente”, continuou Sall. 90% dos grãos importados pelos países africanos vêm da Ucrânia e Rússia.
Apesar das dificuldades de abastecimento de grãos e fertilizantes que afetam os países africanos, relatadas pelo presidente da UA, o presidente Putin informou que o “comércio entre a Rússia e a África cresceu 34% em 2022, comparado com igual período de 2021”.
O líder disse que “temos grandes esperanças em nossa cooperação, incluindo a cooperação bilateral entre a Rússia e o continente africano, mas também estamos aqui hoje para falar sobre a crise e suas consequências”.
Ele pontuou que “muitos países [africanos] ainda não condenaram a posição da Rússia” nas votações na Organização das Nações Unidas (ONU) movidas pelos Estados Unidos.
No encontro, que aconteceu em Sochi, na Rússia, Putin lembrou que “nosso país sempre esteve do lado da África, apoiou a África na luta contra o colonialismo” e comentou que o comércio bilateral cresceu mais 34% em 2022.
Em uma tentativa de estrangular a economia russa, os EUA impuseram diversas sanções a seus produtos. A Rússia foi banida do sistema internacional de pagamentos SWIFT, o que também dificulta a venda de alimentos e grãos no mundo.
Depois de ter se reunido com os líderes africanos, Vladimir Putin concedeu uma entrevista à Rossiya-1 TV Channel na qual afirmou que a Rússia vai elevar a sua exportação de grãos.
Segundo Putin, a exportação para a próxima safra passará de 37 milhões de toneladas para 50 milhões.
O presidente falou ainda que “apoiaremos o transporte pacífico, garantimos a segurança das aproximações a esses portos, apoiaremos a escala de navios estrangeiros e seu tráfego no Mar de Azov e no Mar Negro em qualquer direção”.
Putin disse que não colocará nenhuma condição para que isso aconteça.
Para ele, indícios de uma crise alimentar mundial já se apresentavam em 2020, mas os EUA agora querem passar a responsabilidade para um adversário geopolítico.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que “no que diz respeito à Federação Russa, não há problemas em garantir um fornecimento estável de grãos para os mercados mundiais”. Os empecilhos foram impostos, na verdade, pelos EUA e Europa a partir das sanções e colocação de minas nos portos ucranianos.