Daniel Almeida cobra investigação de assassinato de sindicalista no PA
Esta semana, mais uma liderança rural foi morta a tiros no estado. Carlos Cabral Pereira é o terceiro presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria a ser assassinado pela disputa fundiária.
O líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), cobrou que o governo do Pará investigue e puna os responsáveis pelo assassinato.
“Ele sempre defendeu os trabalhadores rurais. Não é primeira vez que isso acontece no Rio Maria. A família Canuto quase foi dizimada. Queremos cobrar do governo do Pará imediata investigação e punição dos criminosos”, afirmou o parlamentar.
Carlos Cabral Pereira é o terceiro presidente do sindicato a ser assassinado em Rio Maria, cidade conhecida como “A terra da morte anunciada”. Pereira teve a vida marcada pela defesa do direito dos trabalhadores rurais na região.
Histórico de mortes
Carlos era ex-genro de João Canuto, primeiro presidente do STTR de Rio Maria e militante do PCdoB, assassinado por pistoleiros em dezembro de 1985. O segundo presidente a ser assassinado foi Expedito Ribeiro, crime ocorrido em fevereiro de 1991. Carlos Cabral presenciou ainda o assassinato de Braz Oliveira, membro da direção do mesmo sindicato no ano de 1990 e, no mesmo ano, viu de perto três filhos de João Canuto: José, Paulo e Orlando serem sequestrados por um grupo de pistoleiros em um bairro de Rio Maria. José e Paulo foram assassinados, e Orlando, mesmo baleado e algemado, conseguiu fugir e sobreviveu.
A impunidade sempre prevaleceu em relação aos crimes ocorridos contra sindicalistas em Rio Maria nas décadas de 1980 e 1990. No caso de João Canuto, o inquérito que investigou o crime levou 8 anos para ser concluído. Mais de 18 anos após o crime, a Justiça conseguiu julgar apenas dois fazendeiros acusados de serem os mandantes dos crimes: Adilson Laranjeira (ex-prefeito de Rio Maria) e Vantuir Gonçalves. Os dois foram condenados a penas de 18 anos e 6 meses de prisão, no entanto nenhum deles foi preso até hoje para iniciar o cumprimento da pena.
Conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nas últimas quatro décadas foram assassinadas 53 lideranças (sindicalistas, advogados, religiosas e ambientalistas) no Pará. Desse total, 38 mortes ocorreram nas regiões sul e sudeste do estado. Com o assassinato de Carlos Cabral, são agora 39 assassinatos apenas de lideranças na região – o que mostra o alto índice de violência contra trabalhadores e trabalhadoras rurais e suas lideranças nesta região.
Os históricos conflitos pela posse da terra na região se agravaram ainda mais com as decisões do governo Bolsonaro de suspender a tramitação de todos os processos de desapropriação, compra e arrecadação de terras públicas para assentar novas famílias e de incentivar os fazendeiros a se armarem para expulsar famílias sem-terra das propriedades em conflito.
Fonte: PCdoB na Câmara, com informações da Comissão Pastoral da Terra