Libertação do Donbass avança e Zelensky expurga procuradora-geral
Em meio aos avanços russos para libertação completa do Donbass e com os trabalhos já se aproximando de Slavyansk e Kramatorsk, o chefe do regime de Kiev, Volodymyr Zelensky, demitiu a procuradora-geral da Ucrânia, Irina Venediktova, e também o chefe do serviço secreto (SBU), Ivan Bakanov, no sábado (16) após alertar sobre “espiões” pró-russos em profusão nas mais altas rodas do governo ucraniano e das instâncias de segurança.
Venediktova e Bakanov, ambos do círculo mais íntimo de Zelensky, tiveram o afastamento endossado pelo parlamento ucraniano na segunda-feira (18).
A demissão de Bakanov chama especialmente a atenção: amigo de infância de Zelensky – moravam no mesmo bloco de apartamentos, freqüentaram a mesma escola e a mesma universidade, e juntos trabalharam na trupe de comédia Kvartal-95 com a qual Zelensky fez fama.
Bakanov o seguiu no “Servo do Povo”, o partido inspirado na série de televisão produzida pelo oligarca Kolomoisky, tendo sido chefe da sua campanha a presidente. Foi líder do partido de Zelensky no parlamento de 2017 a 2019, quando este deslocou seu amigo juramentado para a crucial posição de chefe dos serviços secretos, o famigerado SBU, para o que também foi agraciado com a patente militar de tenente.
651 acusados
“Tomei a decisão de demitir o Procurador-Geral e o Chefe do SBU. Atualmente estão registrados 651 processos criminais envolvendo traição e atividade colaborativa de funcionários nos órgãos do Ministério Público e do sistema de justiça criminal”, afirmou Zelensky.
Ele acrescentou que “um número tão grande de crimes contra os fundamentos de nossa segurança estatal; para não mencionar as comunicações conhecidas entre as estruturas das forças de segurança ucranianas e os serviços especiais da Rússia, levantam questões muito sérias aos respectivos gerentes”.
O ex-ator disse, ainda, que “mais de 60 funcionários dos órgãos da SBU permaneceram em território ocupado e trabalham contra nosso governo”.
Essa escalada nos expurgos nos mais altos níveis do Estado ucraniano contrasta com a alegação de que a Ucrânia está absolutamente unida pela continuação da guerra e indica que pode haver uma oposição substancial à guerra, mesmo nos altos escalões.
O que é reconhecido até mesmo pelo New York Times: “embora a Ucrânia esteja amplamente unida em sua oposição à invasão da Rússia, seus profundos laços culturais e históricos com a Rússia se traduziram, em partes do país, em bolsões de apoio a Moscou”.
O NYT admite que os laços com a Rússia “particularmente no sul da Ucrânia, perto da região da Crimeia… e em partes do leste perto da fronteira russa… se traduziram em apoio prático às forças russas desde a invasão”.
Segundo o jornal nova-iorquino, as medidas de expurgo refletem “os esforços do Sr. Zelensky para colocar líderes mais experientes em posições-chave de segurança”, reconhecendo que as agências de inteligência dos EUA têm fornecido “enormes quantidades de informações aos parceiros ucranianos”. Em suma, são supervisionadas pela CIA.
Já a CNN asseverou, reproduzindo alegações de Kiev, que altos funcionários do SBU no sul da Ucrânia foram responsabilizados pela facilidade com que as forças russas conseguiram capturar grandes áreas do sul dentro de uma semana após a invasão.
Para o ex-deputado ucraniano Oleg Tsarev, exilado na Rússia, Zelensky precisa de um bode expiatório para explicar a perda da região de Kherson, ao sul da Crimeia, e Bakanov foi escalado para a missão.
Na semana passada, a troca de acusações em Kiev teve como expoentes Zelensky e o comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia Valery Zaluzhny, quanto a quem culpar pela derrota após derrota.
Outra acusação contra um alto integrante do regime de Kiev vem de uma deputada republicana norte-americana de ascendência ucraniana, Victoria Spartz, que acusou nada menos que o chefe de gabinete do próprio Zelensky, Andrei Yermak, de ser ‘agente do Kremlin’. Quanto mais remexe, mais podridão aparece e há denúncias de que grande parte das armas fornecidas à Ucrânia tem o mercado negro como real destino.