LG recusa acordo e funcionários mantêm greve em Taubaté
Os trabalhadores da LG em Taubaté aprovaram uma proposta de indenização decorrente do fechamento da unidade, durante assembleia na manhã desta quarta-feira (28). A proposta chegou a ser apresentada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em audiência de conciliação que terminou sem acordo, nesta terça-feira (27).
Conforme o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (Sindmetau), a proposta prevê um valor global de cerca de R$ 37,5 milhões para as indenizações, com os valores individuais para cada trabalhador sendo calculados segundo o tempo de casa e o salário do funcionário. Mas não houve concordância da LG sobre valores durante a audiência de conciliação.
“A LG está irredutível. Ela quer que o caso vá para julgamento. Para ela, as negociações estão finalizadas. O Tribunal sugeriu essa proposta e o Sindicato se colocou à disposição para trazer a proposta para apreciação dos trabalhadores. Agora, nós vamos notificar o Tribunal e a LG que essa pré-proposta foi aprovada”, explica Claudio Batista Júnior (Claudião), presidente do Sindmetau.
Além da indenização, a proposta também contempla pontos como pagamento da PLR e extensão do plano médico.
Fim da produção de celulares da LG
No início do ano, circularam notícias de que a empresa sul-coreana venderia sua divisão celulares. Sem respostas concretas por um período de quase dois meses, os trabalhadores da unidade de Taubaté aprovaram o estado de greve no dia 26 de março.
No início do mês de abril, a LG disparou um comunicado em que informava o encerramento global da divisão telefonia móvel, alegando que a área acumulava um prejuízo de US$4,1 bilhões.
No Brasil, a empresa informou ainda que pretende levar a linha de notebooks e monitores de Taubaté para Manaus (AM) por melhores incentivos fiscais, o que não ocorreria no estado de São Paulo. Neste cenário, cerca 700 trabalhadores serão demitidos na fábrica de Taubaté.
Após reuniões de conciliação com o Sindicato da categoria, a empresa apresentou uma primeira proposta que foi rejeitada em assembleia no dia 12 de abril. Os funcionários aprovaram, então, o início de uma greve na empresa.
No dia 19 de abril, após uma audiência de conciliação no TRT, os funcionários suspenderam a greve para retomada das negociações com a empresa que teve como fruto uma segunda proposta de indenização, também rejeitada, no dia 23 de abril.
A nova (terceira) proposta apresentada pelo TRT, na última reunião da terça-feira (27), é considerada pelo presidente do Sindmetau como “um avanço significativo em relação à anterior”, rejeitada pelos trabalhadores. “A proposta, ao todo, era de R$ 25,7 milhões. Agora ela está em R$ 37,5 milhões”, diz Claudião.
Em nota, a empresa demonstrou-se que pretende descontar os dias parados dos funcionários. A LG “respeita o direito à paralisação, bem como exercerá o direito de descontar os dias de ausência ao trabalho”.
A empresa, de maneira inflexível, informou ainda que “lamenta que a negociação tenha sido infrutífera resultando apenas no pagamento de verbas rescisórias, e gostaria que o encerramento do ciclo tivesse desfecho diferente”.
Após o sindicato notificar o TRT sobre o resultado da assembleia, a LG deve ter um prazo de dez dias para se manifestar sobre a proposta no Tribunal.
O Sindmetau informou que a greve continuará enquanto o caso é discutido no TRT, com vigília dos trabalhadores 24 horas na porta da fábrica.