Lavrov: Gasoduto Rússia-Alemanha amplia segurança energética da Europa
O projeto Nord Stream 2, em fase de conclusão, composto por gasoduto duplo, com extensão total de 1.234 quilômetros, que transportará até 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da Rússia para a Alemanha, passando através das águas territoriais ou zonas econômicas da Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Rússia e Suécia, “é um projeto exclusivamente comercial, benéfico para todos e que fortalecerá a segurança energética da União Europeia a longo prazo”, afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em entrevista ao jornal húngaro Magyar Nemzet, na segunda-feira (23).
Embora não tenha feito uma referência explícita às novas sanções anunciadas pelo secretário de Estado (chanceler) dos Estados Unidos, Antony Blinken, contra um navio russo e dois cidadãos daquele país, ligados à construção do gasoduto Nord Stream 2, Lavrov buscou tranquilizar seus parceiros europeus. As sanções afetam as empresas Constanta e Nobreza, e aos navios de abastecimento Ostap Sheremet e Iván Sidorenko. Com isso, passam a 23 as pessoas físicas e jurídicas sancionadas pela sua participação no projeto Nord Stream 2.
Os Estados Unidos, que buscam vender gás natural liquefeito de seus campos de xisto para a Europa, bem como a Ucrânia e vários países europeus que se dobram aos interesses norte-americanos, como Polônia, Letônia e Lituânia, se opõem ao novo gasoduto.
Lavrov lembrou que a Rússia nunca falhou em seu papel de fornecedora de hidrocarbonetos. Em particular, lembrou os meses de fevereiro e março de 2018, quando a Rússia conseguiu entregar suprimentos urgentes adicionais para a Europa, então atingida por um frio incomum.
“Nossa confiança em muitos parceiros europeus no setor de energia também foi severamente afetada”, destacou Lavrov em referência a 2019, quando a UE, pressionada pelos EUA, adotou emendas ao Terceiro Pacote de Energia em um momento em que grandes investimentos no Nord Stream 2 já haviam sido feitos. “É claro que isso não aumentou a confiança na credibilidade dos nossos parceiros”, frisou.
Embora o Ministro das Relações Exteriores russo confesse que leva tempo para recuperar a confiança, ele frisa que a UE poderia dar o primeiro passo renunciando às tentativas de politizar a cooperação econômica e comercial com a Rússia.
Lavrov especificou que o Nord Stream 2 resultará em uma diversificação adicional das rotas de trânsito de gás, embora, por enquanto, sem aumentar seus volumes. Dessa forma, graças ao fornecimento direto pela rota mais curta, os rastros de carbono serão reduzidos, ajudando também o meio ambiente.
China: com sanções unilaterais os EUA pisam no direito internacional
“Em relação ao projeto Nord Stream 2, Washington, ao introduzir sanções infundadas contra uma cooperação habitual entre Estados soberanos, guiado pelo direito interno dos EUA, pisoteou no direito internacional e nas normas básicas das relações internacionais”, assinalou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, em comunicado à imprensa.
O diplomata afirmou que, agindo desta forma, os Estados Unidos estão mais uma vez demonstrando seu pensamento hegemônico e destacou que tal procedimento jamais será popular e encontrará sem falta uma resistência determinada da comunidade internacional.