Mikhail Konovich e seu irmão Aleksander, dirigentes da União da Juventude Comunista da Ucrânia

Agentes do serviço secreto da Ucrânia (SBU) prenderam neste domingo (6) o primeiro secretário da União da Juventude Comunista Leninista (UJCLU) do país, Mikhail Konovich, e seu irmão Aleksander, membros ativos do Comitê Antifascista, acusados de serem “espiões russos e bielorrussos”.

Frente ao risco do que pode ocorrer nas próximas horas, a Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), “chama as suas organizações membros e aos jovens e povos de todo o mundo a denunciarem esta situação, exigir sua liberdade e a protestar contra o regime neofascista ucraniano para que mediante esta pressão consigamos deter seu assassinato”.

Os temores de um possível assassinato têm inúmeras razões, alertam. No último domingo foi informado que os agentes do SBU haviam executado o banqueiro Denis Kireyev, membro da equipe de negociação ucraniana, após ter participado da primeira roda de conversações. Segundo o serviço secreto, existiam evidências “claras” de alta traição e foi morto.

No começo da semana passada, Vlodymyr Struk, prefeito da cidade de Kreminna foi abatido com um tiro no coração, logo após ser sequestrado de sua casa. Um pouco antes de ser fuzilado, o prefeito foi acusado de “traidor” e julgado por um suposto tribunal “popular” – pró EUA. Conforme publicou no Twitter o ministro do Interior da Ucrânia, Anton Gerashchenko, “foi um traidor a menos”.

Como integrantes do Comitê Antifascista da Ucrânia, Mikhail e Aleksander participaram de protesto da UJCLU em frente à embaixada dos Estados Unidos na capital, Kiev, no dia 16 de fevereiro, condenando a submissão do presidente Volodymyr Zelensky ao expansionismo imperialista. Na oportunidade já haviam sido agredidos e capturados por neonazistas dos grupos C14 e Corpo Nacional.

De acordo com o SSU, os irmãos Kononovich foram colocados atrás das grades em Kiev por serem propagandistas da Rússia e da Bielorrússia, e agirem para desestabilizar a situação interna da Ucrânia, criando um “cenário de informações necessárias” para o inimigo.

Após o golpe de Estado ocorrido em 2014 na Ucrânia, as forças progressistas vêm sendo alvo de todo tipo de perseguição e abatidos por grupos neonazistas, que contam inclusive com uma representação especial no Exército. O Batalhão de Azov – o mais notório destes agrupamentos que opera sob chancela governamental, mas não o único – foi oficialmente constituído em 5 de maio daquele ano. Portanto, somente três dias depois do massacre de 42 antifascistas em Odessa, queimados vivos, e poucos dias após o ‘führer” do Setor Direita, Dmytro Yarosh, ter anunciado que as turbas fascistas estavam “cruzando o Dniepr”.

Em 2015, uma legislação “descomunizadora” foi aplicada pelo governo para banir os símbolos comunistas. Com base nessa orientação, a partir de 2019, a comissão eleitoral barrou o Partido Comunista da Ucrânia (PCU) de ir às urnas.

Membro da FMJD, a organização comunista realizou recentemente a campanha “Komsomol pela Paz!”, pressionando para que a Ucrânia corte relações com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e resolva pacificamente o conflito com o país vizinho.

A entidade também se somou à campanha internacional pela libertação do jornalista Julian Assange, fundador do Wikileaks, detido na Inglaterra e requisitado pela justiça dos Estados Unidos, que pretende julgá-lo por acusações de suposta “espionagem”.