Negociações entre Rússia e Ucrânia prosseguiram na segunda-feira

Acabou a 3ª Rodada de Negociações entre as delegações da Rússia e Ucrânia. As discussões duraram 3 horas durante a tarde desta segunda-feira (7), em Brest, na Bielorrússia.

Item central voltou a ser a questão dos corredores humanitários para saída de refugiados e chegada de suprimentos às cidades.

A delegação russa anunciou que os corredores começarão a funcionar a partir de amanhã (8), e os representantes ucranianos se comprometeram a garantir o cessar-fogo ao longo dessas saídas.

Nas duas rodadas anteriores, apesar de pequenos pontos de convergência, os corredores humanitários não foram viabilizados – segundo os antifascistas do Donbass e o porta-voz russo – porque os neonazistas não vêm permitindo, pois estão cercados e querem usar os civis como “escudo humano”. Foi o que se viu por duas vezes em Mariupol.

Chefiada pelo assessor presidencial, Vladimir Medinsky, e composta ainda pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Andrei Rudenko, pelo vice-ministro da Defesa, Aleksandr Fomin, pelo embaixador russo na Bielorússia, Boris Gryzlov, e pelo presidente do comitê de Assuntos Externos do Parlamento russo, Leonid Slutsky, a representação disse esperar um trabalho “difícil e consistente” pela frente nas futuras negociações.

“As negociações continuarão rapidamente. Não vamos alimentar a ilusão de que o resultado final será alcançado na próxima etapa, ou na etapa posterior. Este será um trabalho difícil e consistente. Não pensamos que nossos colegas tomarão imediatamente uma posição próxima à nossa e a executarão sem problemas”, constatou Slutsky.

De acordo com Medinsky, a Rússia espera assinar protocolos com o lado ucraniano em várias questões que incluíam a não integração da Ucrânia à OTAN, o reconhecimento da Criméia como território russo e a independência das Repúblicas Populares do Donbass.

O lado ucraniano incluiu o conselheiro do Gabinete Presidencial ucraniano, Mikhail Podolyak, o chefe do partido governista Servo do Povo, David Arakhamia, o ministro da Defesa, Aleksei Reznikov, e outros políticos daquele país.

“A terceira rodada de negociações terminou. Há pequenos [desenvolvimentos] positivos na melhoria da logística dos corredores humanitários […]. Continuarão as consultas intensivas sobre o bloco político básico dos regulamentos, juntamente a um cessar-fogo e garantias de segurança”, disse Podolyak.

Podolyak também afirmou que em relação ao caminho político, que inclui cessar-fogo, trégua e fim das hostilidades em geral, “hoje [7] não tivemos resultados que melhorem significativamente a situação, mas enfatizo mais uma vez que as negociações continuarão”.

Além da reunião desta segunda-feira (7), haverá um encontro entre chanceleres dos dois países na quinta-feira (10), na Turquia, informou o chanceler turco Mevlut Cavusoglu.

A 3ª rodada de negociações de paz entre Moscou e Kiev ocorre em paralelo à operação russa para “desnazificar” e “desmilitarizar” a Ucrânia, que já chegou ao 12º dia.

A Rússia tem exigido que a Ucrânia inscreva em sua Constituição a neutralidade, isto é, a garantia de não pertencer a um bloco militar, no caso a Otan – a propósito, um status que outros países na Europa detêm, como Suíça, Áustria, Suécia e Finlândia. Aliás, status definido no Memorando de Budapeste, que formalizou sua Constituição como país ex-soviético independente.

Lavrov recentemente se referiu a outra exigência, de que, na condição de um país multinacional, seus componentes étnicos tenham direitos assegurados com igualdade na Constituição.

Depois da Crimeia – e a cidade histórica de Sebastopol quase terem caído nas garras dos nazistas e da Otan, a Rússia exige o reconhecimento, por Kiev, do legítimo direito de autodeterminação exercido em referendo e que levou à reunificação com a Rússia.

Depois de ter por oito anos tentado fazer com que o regime de Kiev cumprisse com os termos dos Acordos de Minsk e resolução concernente do Conselho de Segurança da ONU, que concediam ao Donbass autonomia e direitos garantidos na Constituição, diante da ameaça de limpeza étnica contra os falantes de russo, a Rússia finalmente aceitou reconhecer a independência do Donbass, historicamente terra russa, e negocia com Kiev esse reconhecimento.

O portal Sputnik informou que a ONU e o Ministério da Defesa russo se reuniram para traçar planos sobre os corredores humanitários e outras medidas para assegurar garantias aos civis, aos refugiados e aos estrangeiros que tentam deixar a Ucrânia.