Keiko Fujimori não admite derrota nem exibe provas das alegadas ‘fraudes’

O governo do Peru rejeitou o pedido de Keiko Fujimori para uma auditoria internacional das eleições presidenciais realizadas no dia seis de junho, e que deram a vitória ao professor rural Pedro Castillo. Além disso, no último sábado (3), o Júri Nacional Eleitoral (JNE) informou que deverá anunciar oficialmente o vitorioso antes de 15 de julho, e a previsão é de que Castillo deve assumir a presidência em 28 de julho, coincidindo com o bicentenário peruano.

De acordo com o ministro da Justiça, Eduardo Vega, o poder executivo e o presidente Francisco Sagasti “não podem intervir em um processo eleitoral e atender ao pedido de uma das forças políticas participantes da disputa”. “As possíveis irregularidades a que sua carta faz referência devem ser atendidas pelo JNE, que vem avaliando e resolvendo as impugnações e pedidos de anulação feitos pelos grupos políticos”, acrescentou o ministro, em referência aos reiterados recursos de anulação apresentados pelo partido de Fujimori. São essas manobras que continuam impedindo que o vencedor das eleições, realizadas há quase um mês, seja oficialmente proclamado.

Diante do fracasso da sua tentativa de sabotar o processo, a filha de Alberto Fujimori (presidente de 1990-2000) – atualmente preso por crimes de lesa-Humanidade – partiu para a histeria. Em suas redes sociais, ela acusou Sagasti de ter “abdicado de sua grande responsabilidade de garantir eleições limpas, preferindo a passar a história como presidente por acidente”.

Segundo o porta-voz do júri eleitoral, Luis Alberto Sánchez, 27 dos 270 pedidos apresentados ao JNE foram analisados, não sendo detectado problema algum. “Esta é uma quantidade incomum, sem precedentes nas últimas eleições”, informou.

No dia 18 de junho, 12 dias após a realização do segundo turno presidencial, o Instituto Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) terminou a contagem das atas. De acordo com a apuração oficial, Castillo derrotou Fujimori por 44.058 votos. No entanto, Fujimori lançou uma enxurrada de recursos e pedidos de anulação de atas com cerca de 200.000 votos em áreas onde o professor obteve uma esmagadora maioria.

Apesar de nenhum órgão de observação eleitoral ter encontrado nem sombra de indícios de fraude e que países e instituições como a União Europeia, o Reino Unido, o Canadá e os EUA manifestaram sua confiança no sistema eleitoral peruano – e concordaram que a votação foi livre e justa -, Keiko não se deu por vencida. Numa tentativa golpista invocou um cenário semelhante ao orquestrado na Bolívia contra o presidente Evo Morales, em 2019, buscando desesperadamente – e sem sucesso – arregimentar setores das Forças Armadas.

Desnorteada, a candidata também tentou bater às portas da Organização dos Estados Americanos (OEA), enviando uma delegação a Washington para se reunir com o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, com o intuito de solicitar uma “auditoria internacional” e obter uma saída nos moldes do golpe boliviano. Nem mesmo Almagro se viu com espaço para receber a desesperada comitiva fujimorista composta pelos congressistas Hernando Guerra e Jorge Montoya, a ex-candidata presidencial Nidia Vílchez e o ex-ministro Daniel Córdova.

Conforme relatou o jornal Página12, “os emissários de Fujimori somente conseguiram marcar um encontro com um funcionário de nível inferior”. “Eles mal puderam deixar uma carta e a conferência de imprensa foi interrompida quando uma socióloga peruana os acusou de ‘golpistas’ ”, relatou.

O partido de Castillo, Peru Livre, rechaçou a tentativa de fraudar a verdade das urnas e ativistas seguem mobilizados com o lema “não se meta com o meu voto”, exigindo o respeito ao Estado de Direito.