“Memória e Dignidade, Fujimori nunca mais”, diz cartaz de Ato em Washington

Fracassou a delegação que Keiko Fujimori enviou a Washington – para apelar à OEA – no, cada vez mais inútil, esforço de reverter sua derrota nas urnas para Pedro Castillo nas recentes eleições presidenciais.

A turma encarregada por Keiko para a encenação e alegação de fraude sem nenhuma comprovação, tentou mais este estratagema depois da recusa do presidente peruano, Francisco Sagasti, em atender a uma carta dela pedindo uma “auditoria internacional” à OEA no desespero de melar o resultado que já foi confirmado pelo órgão peruano encarregado da apuração, o Escritório Nacional de Processos Eleitorais do Peru (ONPE) dando vitória a Castillo.

Os enviados de Keiko tentaram várias vezes se reunir em Washington com o Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que não os recebeu.

Os enviados à OEA pela filha do ex-ditador preso Alberto Fujimori só puderam se reunir com o diretor do Departamento de Cooperação e Observação Eleitoral da OEA, Gerardo De Icaza.

A seguir, convocaram uma coletiva de imprensa e quando a missão Fujimori, composta por dois congressistas eleitos e dois ex-ministros, chegou, a sala estava praticamente vazia. Os poucos que lá estavam não eram jornalistas.

Ainda por cima tiveram que ouvir uma reprimenda da pesquisadora e cientista política peruana Francesca Emanuele, que foi direta: “Vocês estão aqui como golpistas. É por isso que a imprensa não está aqui, porque internacionalmente vocês são vistos como golpistas”, disse. “Os enviados de Keiko se entreolharam perplexos. Foi a cereja do bolo de uma viagem que se tornou ridícula internacionalmente”, assinalou Carlos Noriega, correspondente do jornal Página 12 em Lima.

Nas eleições presidenciais de 6 de junho, Keiko foi vencida por pouco mais de 44 mil votos pelo professor rural e sindicalista Pedro Castillo.

O fato é que nas tentativas de ganhar no tapetão, Keiko e seus advogados têm colhido derrota após derrota, primeiro o resultado a favor de Castillo com 100% das urnas apuradas, depois a denegação pelo Juri Nacional Eleitoral de 28 apelações alegando fraudes inexistentes. Com isso, partiu para a tentativa de intervenção estrangeira no país.

Neste caso novo revés: “A Missão do Observação Eleitoral da Organização de Estados Americanos (OEA) não detectou irregularidades”, ressaltou o relatório preliminar do grupo, encabeçado pelo ex-chanceler paraguaio Rubén Ramírez, que acompanha o trabalho dos órgãos eleitorais peruanos, questionados por Keiko Fujimori ao denunciar “indícios de fraude” e pedir a anulação de cerca de 200.000 votos dados a Castillo.

O Júri Nacional Eleitoral deve terminar o processo de revisão das alegações fujimoristas nos próximos dias.

Todas as outras missões de observação nacionais e internacionais, que estiveram no Peru durante o pleito, também qualificaram o processo eleitoral como legítimo.

Além disso, fontes do Palácio do Governo peruano informaram ao jornal El Comercio que um possível avanço nas reivindicações da delegação de Fujimori à OEA não influencia ou influenciará a avaliação do pedido que Keiko Fujimori dirigiu ao presidente Francisco Sagasti, através de uma carta, em busca de uma auditoria internacional do processo eleitoral. O governo já declarou que não pretende intervir indevidamente no processo eleitoral e que só vai se pronunciar após a declaração final do JNE.

“O que vier a ser feito em Washington D.C. por parte deste grupo não interfere de forma alguma na avaliação que deve ocorrer sobre a carta da senhora Fujimori”, explicou a fonte. Além disso, destacou que “se [Luis] Almagro recebe pessoas em D.C. isso não significa uma admissão do pedido de auditoria. Ele [Almagro] teria que se pronunciar expressamente”.

O advogado do Peru Livre, partido de Castillo, Aníbal Torres, declarou que o JNE deve terminar de resolver os recursos pendentes na próxima semana. Ele espera que o tribunal atue com rapidez, já que a posse está prevista, como manda a tradição no país, para o dia 28 de julho.