"Parem com este julgamento político", afirmam manifestantes que exigem liberdade para Assange

A juíza inglesa Vanessa Baraitser decidiu, nesta segunda-feira (4), pela não extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, país no qual persistem contra ele acusações de espionagem e invasão de computadores governamentais.

A decisão foi precedida de várias audiências, na Corte Old Bailey, em Londres, nas quais a defesa condenou as acusações apontando que a sua organização WikiLeaks havia informado ao público crimes de guerra cometidos pelo governo norte-americano em território ocupado, a exemplo do Iraque e do Afeganistão.

A defesa e inúmeros apoiadores mundo afora também têm alertado que a extradição de Assange seria um profundo golpe contra a liberdade de imprensa e uma intimidação aberta contra jornalistas que se veriam ameaçados de prisão e outras retaliações oficialmente orientadas caso a medida tivesse sido adotada.

Stella Moris, parceira de Assange com quem tem dois filhos, destaca que as acusações são politicamente motivadas e alerta que extraditar o jornalista seria “um desastre político e legal para o Reino Unido”.

“Seria uma distorção impensável”, pois configuraria reescrever as regras do que pode ser escrito e publicado na Inglaterra.

“Do dia para a noite se abriria um debate sobre abusos por parte de nosso próprio governo e por parte de governos de outros países sobre nós também”, acrescenta Stella.

Entre as testemunhas da defesa foi ouvido Daniel Ellsberg, o ex-analista da Rand Corporation e do Pentágono que divulgou farta documentação sobre a Guerra do Vietnã e os Papéis do Pentágono. Em sua declaração à Corte inglesa, Ellsberg afirmou que Assange agiu de acordo com o interesse público e alertou que ele não enfrentaria um julgamento justo nos Estados Unidos.

Assange está preso na inóspita prisão de Belmarsh desde abril de 2019, quando o governo colaboracionista do Equador interrompeu o refúgio que fora oferecido pelo presidente anterior, Rafael Correa, na embaixada equatoriana, desde 2012, início das ameaças à liberdade do jornalista.

A promotoria britânica ainda pode apelar da decisão da juíza.